O Distrito Federal enfrenta uma das piores secas de sua história. Há 130 dias não chove na região da capital federal e na quarta-feira (14/09) foi registrado o quarto dia seguido com recorde de calor, que chegou a 35,2ºC. A umidade do ar ficou em 11%. O resultado disso é não apenas a péssima qualidade do ar e o aumento de problemas de saúde entre a população, mas também, os riscos maiores de queimadas. É o que vem acontecendo no Parque Nacional de Brasília, que em apenas dez dias, já enfrenta o segundo incêndio.
O primeiro deles ocorreu no começo de setembro nessa que é uma importante Unidade de Conservação (UC) do Cerrado brasileiro. No incêndio que atingiu o parque há dez dias, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foram destruídos 4 mil hectares de vegetação.
O fogo acabou sendo controlado pelos brigadistas e equipes do Corpo de Bombeiros, mas esta semana o parque voltou a queimar. Uma aeronave está sobrevoando o local para monitorar as áreas do incêndio e ajudar as equipes em terra a combater as chamas.
De acordo com o ICMBio, a área sendo destruída agora é maior que a devastada anteriormente e 10% do parque já foi queimado.
Imagem divulgada pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal
O Parque Nacional de Brasília foi criado em 1961, um ano após a inauguração da capital, e abrange uma área de pouco mais de 40 mil hectares. Essa unidade de conservação abriga diversas espécies ameaçadas de extinção da fauna brasileira, entre elas, o tico-tico-do-mato (Coryphaspiza melanotis), o gato-maracajá (Leopardus pardalis mitis), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e o tatu-canastra (Priodontes maximus).
Outras regiões do Brasil também estão sofrendo com a falta de chuvas e os incêndios florestais. O Parque Estadual Cristalino I e II, entre os municípios de Alta Floresta e Novo Mundo, ao norte do Mato Grosso, já perdeu mais de 5 mil hectares. O fogo começou em meados de agosto, numa área de 800 hectares e rapidamente se alastrou (leia mais aqui).
E enquanto importantes hotspots da biodiversidade brasileira queimam, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tinha usado até o início de setembro somente 37% do orçamento para prevenção e controle de incêndios em 2022, denunciou o Observatório do Clima.
*Com informações dos sites do ICMBio, Correio Braziliense e G1.
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Foto de abertura: Wilson Dias/Agência Brasil/Fotos Públicas