Levou pouco mais de uma semana para Londres ultrapassar o nível de poluição estipulado pela União Europeia para todo o ano de 2016. Às 7h da manhã do dia 08/01, a capital da Inglaterra e do Reino Unido ultrapassou mais uma vez os limites de poluição por dióxido de nitrogênio (NO2), gás de efeito estufa extremamente tóxico. E, ao que tudo indica, isto está virando um mau hábito.
Já é o quinto ano consecutivo que a cidade extrapolou os limites de emissão de NO2. Existem evidências de que a poluição por este gás não é apenas danosa ao meio ambiente, mas também para a saúde: em grandes concentrações, pode reduzir funções dos pulmões e aumentar o risco de doenças respiratórias. Em 2015, um estudo da King’s College London concluiu que a poluição do ar por dióxido de nitrogênio causou 5.900 mortes prematuras em Londres em 2010.
Aos olhos dos ambientalistas, essa negligência parece descaso. “É exatamente por conta disso que estamos processando o governo”, afirma em nota Alan Andrews, advogado do grupo jurídico ambiental Client Earth. “Sua falha em lidar com os níveis ilegais de poluição do ar, causadora de milhares de mortes em Londres todos os anos, é um escândalo.”
A lei da União Europeia permite que vários locais da cidade emitam, por hora, 200 microgramas de NO2 por metro cúbico de ar. Existe, porém uma tolerância: cada bairro pode ultrapassar esse limite 18 vezes no ano. No entanto, Putney High Street excedeu a quantidade estipulada pela 19ª vez na manhã do dia 08/01. Pouco depois, duas outras localidades extrapolaram o limite: Chelsea e Kensington.
Juntos, 291 km² da cidade chegaram ao limite de poluição do ano – o que significa que algumas áreas agora podem ser comparadas ao “arpocalipse” chinês de Beijing e Xangai, de acordo com novo relatório. E o pior: outras grandes cidades do Reino Unido, como Leeds, Liverpool e Edinburgh, incluindo Londres, provavelmente, continuarão ultrapassando os limites seguros do gás, pelo menos, pelos próximos cinco anos.
Causas da poluição e soluções
De acordo com a organização Policy Exchange, a principal causa da poluição por NO2 em Londres é o grande aumento de carros movidos a diesel circulando por rodovias do Reino Unido. De 7% em 1994, o número de veículos saltou para 36% em 2016.
Para este aumento, a organização aponta que carros movidos a diesel foram favorecidos pelo governo porque emitem menos dióxido de carbono (CO2) e tem maior eficiência. No entanto, não foi feita uma avaliação correta do tanto de emissões de NO2 por esses veículos.
Mas há perspectiva de melhora! Em 2020, algumas zonas com muito congestionamento passarão a cobrar pelo acesso de veículos. Essa medida deve cortar em 50% os níveis de poluição de NO2. Além disso, a cidade também vai controlar as emissões dos ônibus por meio de um programa de retrofit que custou £10 milhões.
Foto: Domínio Público