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Drones com sensores térmicos ajudam no estudo e conservação dos raros cangurus-arborícolas

Drones com sensores térmicos ajudam no estudo dos raros cangurus-arborícolas

Apesar de ser um canguru, um dos animais mais simbólicos da fauna australiana, essa espécie em particular é pouquíssimo conhecida: a razão é que o canguru-arborícola de Bennett (Dendrolagus bennettianus), como seu próprio nome já explica, vive em árvores, em alturas superiores a 40 metros. Por isso mesmo, ele é considerado por cientistas como um dos marsupiais mais misteriosos do país.

Cangurus-arborícolas são encontrados apenas no alto da copa de árvores de florestas tropicais, com vegetação bastante fechada, da Austrália e de Nova Guiné. Todavia, 12 das 14 espécies descritas são classificadas como em risco de extinção. Suas principais ameaças são o desmatamento e as mudanças climáticas. “No entanto, sabemos pouco sobre seus números ou hábitos devido às dificuldades de estudá-los em florestas tropicais densas”, diz Emmeline Norris, estudante de Ph.D. da Universidade James Cook, em artigo no site Conservation.

Mas isso pode mudar. Em novembro do ano passado, a pesquisadora estava utilizando um drone com sensor térmico para estudar raposas-voadoras na Floresta de Daintree, em Cape Tribulation, ao norte de Queensland, quando se deparou com imagens dos cangurus-arborícolas de Bennett.

“Em menos de uma hora, seis indivíduos foram observados em 17 hectares. O método provou ser minimamente invasivo e altamente eficaz em ambientes de floresta tropical, apesar da vegetação densa e das altas temperaturas, demonstrando tanto a abundância inesperada desta espécie quanto a utilidade de drones térmicos para monitorar a fauna arbórea tropical”, relata Emmeline em um artigo científico publicado no jornal Australian Mammalogy.

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Vantagem sobre métodos de monitoramento tradicionais

A principal dificuldade no estudo desses cangurus é que raramente eles descem para o chão da floresta. Passam a maior parte do tempo no alto das árvores, se alimentando de folhas. “Métodos tradicionais de pesquisa, usando lanternas ou câmeras térmicas portáteis – sensores infravermelhos para detectar corpos quentes – muitas vezes não conseguem detectar cangurus-arborícolas, pois essas ferramentas são limitadas ao que pode ser visto do solo”, explica a pesquisadora.

Como resultado, Emmeline afirma que não existem informações suficientes sobre os cangurus de Bennett. “As estimativas populacionais dependem de observações desatualizadas e evidências anedóticas, deixando seu status de conservação pouco claro.”

Com drones térmicos é possível visualizar a localização dos cangurus nas árvores
Foto: Emmeline Norris

Visto inicialmente como um hobby, o drone se tornou uma tecnologia importantíssima em diferentes áreas e principalmente, em projetos de conservação. Hoje ele é utilizado para os mais diversos fins, como o monitoramento de florestas na Amazônia, para o reflorestamento de áreas degradadas ou ainda, na realização de censos de populações de animais.

Os drones com sensores térmicos já empregam um tipo de tecnologia mais avançada. São equipados com câmeras infravermelhas que detectam sinais de calor.

“Animais de sangue quente, como cangurus-arborícolas, destacam-se contra o fundo mais frio da floresta tropical, mesmo quando parcialmente escondidos pela folhagem. Essa tecnologia oferece uma vantagem poderosa sobre os métodos tradicionais, permitindo que os pesquisadores escaneiem grandes áreas de cima e vejam além da vegetação“, ressalta a estudante.

O canguru-arborícola de Bennett, escondido em meio à folhagem da floresta
Foto: Emmeline Norris

Ela destaca, entretanto, que esse é apenas o começo. O próximo passo é desenvolver métodos que possam estimar densidades populacionais com mais precisão, não apenas do canguru de Bennett, mas de outras espécies. Uma das metas é conseguir identificar indivíduos separadamente, através de padrões específicos na pelagem.

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Foto de abertura: Emmeline Norris

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