Cientistas usam drones para fazer contagem em maior berçário de tartarugas-verdes do mundo, na Grande Barreira de Corais

Cientistas usam drones para fazer contagem em maior berçário de tartarugas-verdes no mundo, na Grande Barreira de Corais

A tecnologia a serviço da preservação. A imagem impressionante acima foi registrada por drones, usados pela equipe da Great Barrier Foundation, na Austrália. O Parque Nacional de Raine Island é o maior berçário de tartarugas-verdes do mundo. Apesar de ser um santuário marinho, nos últimos anos, percebeu-se uma redução na população da espécie.

Pesquisadores descobriram que mudanças na geografia da ilha estavam provocando a chegada de marés mais altas e inundações nas praias, matando ovos recém-depositados, que não sobrevivem debaixo d’água.

Além disso, estimativas indicavam que até 2 mil tartarugas adultas morriam, a cada estação, por capotamento e aprisionamento em penhascos rochosos e por exaustão de calor durante o processo de nidificação (construção do ninho).

Cientistas usam drones para fazer contagem em maior berçário de tartarugas-verdes no mundo, na Grande Barreira de Corais

Um filhote a caminho do mar

Para reverter este cenário, em parceria com outras organizações de conservação ambiental, o governo de Queensland e empresários, a Great Barrier Foundation iniciou um projeto de preservação na ilha e recuperação de seu ecossistema.

Entre as medidas implementadas no projeto, que teve duração de 5 anos, estão a restauração do habitat de nidificação das tartarugas por meio de alterações na geografia da areia da praia, instalação de cercas no topo de uma falésia para reduzir a mortalidade de tartarugas fêmeas, além do resgate de animais encalhados, monitoramento das principais espécies de ilhas – incluindo tartarugas, aves marinhas e predadores e capacitação de guardas ambientais indígenas.

“Mais de 15 mil metros cúbicos de areia – o equivalente a seis piscinas olímpicas – foram movidos para remodelar as praias da Ilha Raine para elevar a área de nidificação acima das marés altas”, revelou Craig Crawford.

Cientistas usam drones para fazer contagem em maior berçário de tartarugas-verdes no mundo, na Grande Barreira de Corais

Trabalho feito para evitar que as marés altas atingissem os ninhos

O resultado de todo esse esforço foi mais do que positivo e vai garantir a segurança e o sucesso do processo de reprodução, de mais de 60 mil tartarugas, que migram até a Raine Island, todos anos, para colocar seus ovos.

Contagem das tartarugas: qual o melhor método?

Outra ação realizada pelo projeto de Raine Island é o monitoramento da população das tartarugas-verdes. Para isso, os pesquisadores decidiram descobrir qual seria o melhor método de contagem dos animais.

Originalmente, as tartarugas adultas eram marcadas, pintadas com uma tinta atóxica em seus cascos, e assim eram visualizadas, através de contagem manual, pela equipe, em embarcações.

“Tentar contar com precisão milhares de tartarugas pintadas e sem pintura a partir de um pequeno barco quando o tempo estava ruim era muito difícil”, diz Andrew Dunstan, do Queensland Department of Environment and Science.

A conclusão a que se chegou, registrada inclusive em artigo científico na revista Plos One, é que a maneira mais eficaz de contar as tartarguas é com a utilização de drones – mais barata, segura e precisa.

“O que anteriormente demandava muitos pesquisadores e um longo tempo agora pode ser feito por um operador de drone, em menos de uma hora”, destaca Richard Fitzpatrick, da Biopixel Oceans Foundation.

O time da Great Barrier Foundation compartilhou um vídeo, feito em dezembro do ano passado, em que conseguiu observar 64 mil tartarugas.

A filmagem que você confere abaixo, é espetacular.

Tartarugas marinhas sob ameaça

No mundo todo, há sete espécies conhecidas pela ciência. Cabeçuda ou mestiça, verde, de pente ou legítima (a mais ameaçada), couro ou gigante (a maior de todas as espécies) e oliva (a menor delas).

Cientistas usam drones para fazer contagem em maior berçário de tartarugas-verdes no mundo, na Grande Barreira de Corais

Uma pequena tartaruga-verde na Raine Island

Todas as espécies acima são consideradas em risco de extinção. Algumas em maior ou menor grau do que outras, mas sem exceção, todas correm o risco de desaparecer.

Tartarugas marinhas são animais que podem viver mais de 100 anos.

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Fotos: Great Barrier Reef Foundation

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.