
Para nós brasileiros e talvez, para a maior parte da população mundial, o diabo-da-tasmânia que nos vêm a mente é o personagem Taz, do desenho animado Looney Tunes, do estúdio Warner Bros, retratado como um animal feroz, com um paciência curtíssima. Mas o bicho real, um mamífero marsupial, que faz lembrar um pequeno urso, parece uma criatura adorável.
Através de registros fósseis, sabe-se que a espécie (Sarcophilus harrisii), endêmica da Tâsmania, uma ilha no extremo sul da Austrália, também podia ser encontrada na parte continental do país há cerca de 3 mil anos. Mas a chegada dos colonizadores europeus fez com eles fossem dizimados dessa área. Acredita-se que uma das principais causas foi a introdução do dingo, um cão selvagem, originário dos alpes australianos, que caça o diabo-da-tasmânia.
Todavia, em 2020, graças à parceria e ao trabalho de três organizações não-governamentais, a Aussie Ark, a Global Wildlife Conservation e a Wild Ark, 26 diabos-da-tasmânia foram reintroduzidos em um santuário de vida selvagem de 400 hectares ao norte de Sidney, em New South Wales. Nos próximos dois anos, outros 40 indivíduos serão soltos ali, assim como outras espécies.
A expectativa das entidades é que, se tudo correr como planejado, os animais se reproduzirão e produzirão filhotes, resultando em uma população selvagem autossustentável. Eles serão monitorados através de colares, armadilhas fotográficas e pesquisas de campo frequentes.
“Em 100 anos, vamos olhar para este dia como o início à restauração ecológica de um país inteiro”, acredita Tim Faulkner, presidente da Aussie Ark.

A espécie voltará a seu habitat original
A soltura dos animais contou com a participação do ator australiano, Chris Hemsworth, que faz o personagem Thor, e a esposa Elsa Pataky, que é atriz e modelo.

A reintrodução do diabo-da-Tasmânia faz parte do projeto “Rewild Australia” – “Torne a Austrália Selvagem Novamente”, em tradução livre, que busca recuperar espécies e habitats no país, assim como eles eram antes da chegada dos europeus no continente.
O programa de reprodução iniciado na última década conseguiu que hoje a população mantida pelo Aussie Ark seja de mais de 390 animais. No começo, eram 44.

Um filhotinho de diabo-da-tasmânia
Por serem os maiores marsupiais carnívoros do mundo, os diabos-da-Tasmânia ajudam a controlar a população de gatos selvagens e raposas, que ameaçam outras espécies endêmicas e ameaçadas, além de equilibrar os números de outros animais, como cangurus. Seu retorno à natureza será importante para restabelecer o equilíbrio do ecossistema local.

Infelizmente, os diabos-da-tasmânia que vivem na ilha ao sul da Austrália estão sendo dizimados por um câncer altamente contagioso, que deforma o focinho e a boca, impedindo-os de se alimentar. Desde 1996, já houve uma redução de 90% de sua população no local. Estima-se que restem cerca de 25 mil.
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Fotos e informações: Aussie Ark