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Dezenas de raias aparecem mortas na Ilha do Fundão, banhada pela Baía de Guanabara, no RJ

Na última terça-feira, 11 de abril, dezenas de raias apareceram mortas na Prainha, na Ilha do Fundão, banhada pela Baía de Guanabara, na zona norte do Rio de Janeiro. 

Os pescadores que as encontraram logo cedo desconfiam que elas tenham sido contaminadas “com algum químico” jogado na água e descartam a pesca de arrasto porque “não há marcas de rede”. 

Esta hipótese também não foi abandonada por outros especialistas, nem pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que coletou a água da baía para analisar os níveis de poluição e oxigênio. De acordo com o G1, pesquisadores do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores da UERJ (Maqua) recolheram 30 raias do cardume para análise.

Foto: Isabelle de Loys (Instagram)

O motivo da morte ainda é desconhecido, mas, a pesca de arrasto pode ser a causa mais provável. Ricardo Gomes, diretor do Instituto Mar Urbano (IMU) e autor da série Raias da Guanabara (veja no final deste post) disse à reportagem do G1 que, “em um primeiro momento, parecia falta de oxigenação da água ou excesso de poluição. No entanto, se fosse esse o caso, também encontraríamos outros tipos de peixes mortos”. 

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Por isso, ele acredita que a principal hipótese é a pesca, sem deixar de considerar outras possibilidades. O pesquisador ainda contou que algumas raias apresentavam abdômen aparentemente dilatado, o que significa que estavam grávidas, e que serão necessários alguns anos para recuperar a morte do cardume. 

Foto: Isabelle de Loys (Instagram)

Gomes conta que, diferente de outros peixes, raias e tubarões têm baixa taxa de reprodução. Sua maturidade sexual é tardia (até cinco anos!) e o tempo de gestação é longo. 

A gravidez pode levar até 19 meses e gerar poucos filhotes e apenas alguns sobrevivem, chegando a idade adulta, o que torna a ameaça de extinção até 15 vezes maior que a de outros animais que vivem na Baía de Guanabara. 

“É difícil estimar quanto tempo será necessário, mas vai demorar muito para a natureza voltar a ter um cardume como esse”, sentenciou. Em 40 anos de mergulho, ele disse que nunca havia visto tantas Ticonhas juntas. Que tristeza! 

Foto: Isabelle de Loys (Instagram)

O delegado Wellington Vieira, da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, declarou, ao G1, que a polícia só vai iniciar as investigações depois dos resultados apresentados pelo Inea.

Pescadores estão apreensivos e aguardam as análises do Inea e do Maqua, temendo que seja contaminação já que dependem da pesca para sobreviver. “Isto deixou-nos a todos tristes. Nunca vimos aqui a morte de raias como esta”, lamentou Renato dos Reis Oliveira à Reuters.

A arquiteta e ambientalista Isabelle de Loys foi até o local e ficou estarrecida com o cenário que encontrou: “Fui lá. Lamentável!. E declarou à Reuters: “Este não é um local natural da raia, por isso é estranho mesmo para as pessoas que aqui estão e que vivem da pesca. Algo de muito mau aconteceu”.

Isabelle fez ótimos registros das raias e publicou no Instagram. São delas as imagens que ilustram este post.

Agora, assista ao vídeo feito por um dos pescadores que encontraram as raias mortas, publicado pelo Instituto Mar Urbano, na mesma rede social. Em seguida, assista aos 4 episódios da série Raias de Guanabara dirigidas por Ricardo Gomes, do IMU.

Fonte: Instituto Mar Urbano, G1, Reuters/O Público

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