Foram necessários quase cinco anos para que os pesquisadores brasileiros conseguissem entender bem as espécies de bromélias que já haviam sido descritas anteriormente e chegar à conclusão que existiam três novas para a Ciência, totalizando oito espécies de Fosterella no país.
“As novas espécies são bem raras e pouco coletadas no Brasil. Isto porque elas ocorrem em ambientes muito específicos”, conta a bióloga e botânica Rafaela Campostrini Forzza, uma das envolvidas na descoberta.
Ao lado de Elton Leme, Heidemarie Halbritter e Otávio Ribeiro, ela assina o artigo científico sobre o achado, publicado recentemente no jornal Phytotaxa, fruto do trabalho de catalogação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
“Todas as três novas espécies são nativas e endêmicas do Brasil”, explicou Rafaela ao Conexão Planeta. “O gênero tem outras espécies que ocorrem fora daqui, especialmente nos Andes. Elas precisam de ambientes sombreados e úmidos, e ainda paredões rochosos, pois são rupícolas”.
Duas delas foram observadas em Unidades de Conservação (UCs). No Parque Nacional da Bodoquena (Mato Grosso do Sul) foi registrada a presença da Fosterella bodoquenensis e na Chapada dos Guimarães (Mato Grosso) a Fosterella lilliputiana.
A espécie encontrada no Parque Nacional da Bodoquena
“Uma das mais inusitadas descobertas foi a Fosterella atlântica, em Matutina, Minas Gerais, fora de UC, mas muito distante da ocorrência conhecida para o gênero, que está concentrado, quanto à diversidade de espécies, na Bolívia e regiões vizinhas”, destaca o botânico Elton Leme.
A mais rara delas: a Fosterella atlântica
Para os pesquisadores, ainda há muito trabalho na catalogação da biodiversidade do país. O Brasil descreve, em média, 250 novas espécies de plantas por ano.
“Somos o país que abriga o maior número de espécies de Bromeliaceae do mundo, cerca de 1/3 da diversidade total da família. São 1.344 espécies no Brasil, das quais 1.179 só ocorrem no nosso território e muitas delas constam na lista de espécies ameaçadas de extinção”, alerta Rafaela.
A bromélia achada na Chapada dos Guimarães
Por isso mesmo, se faz ainda mais importante a existência e a preservação de Unidades de Conservação, habitat de uma biodiversidade única e muitas vezes, ainda desconhecida.
Fotos: Elton Leme