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Defensor das baleias e dos oceanos, Paul Watson continuará detido em Nuuk, na Groenlândia, até 2 de outubro

Defensor das baleias e dos oceanos, Paul Watson continuará detido em Nuuk, na Groenlândia, até 2 de outubro

Paul Watson, o maior protetor dos oceanos – em especial das baleias – de todos os tempos, ficará mais 28 dias (até 2 de outubro) detido na penitenciária de Nuuk (capital do território autônomo dinamarquês), na Groenlândia. A sentença vale a partir de hoje (5).

Foi o que decidiu, ontem (4), um juiz local, alegando que ainda aguarda a decisão do governo dinamarquês sobre o pedido de extradição do ativista feito pelo Japão, que reitera outro pedido de 2012 por meio de um alerta vermelho da Interpol.

“Ele foi condenado a mais 28 dias de detenção, o que é um escândalo!”, declarou Lamya Essemlali, presidente da Sea Shepherd France e amiga de Watson, após a audiência. “Estamos desapontados, embora esperássemos essa decisão”.

O Japão o acusa por danos a um navio e ferimentos no rosto de um marinheiro, ao jogar bomba de ácido butírico, que é corrosivo. Ambos os atos teriam sido cometidos a bordo de um navio baleeiro japonês em 2010, durante tentativa de impedir a caça a baleias. A ação foi liderada pela Sea Shepherd, segunda ONG fundada por Watson em 1977 e da qual não faz mais parte. A primeira foi o Greenpeace, em 1971.

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Watson nega a acusação. “O juiz concordou em ver as imagens japonesas, mas se recusou a ver as nossas”, reclama Essemlali. “Com as imagens deles, não é possível ver onde a bola caiu, ao contrário das nossas”.

Jonas Christoffersen, um dos advogados da equipe que atende Watson, disse à agência AFP que vai apelar da decisão do juiz de Nuuk ao Tribunal Superior da Groenlândia e, também, pedir autorização para mostrar a filmagem da ação da Sea Shepherd. 

“O vídeo tem cinco segundos e mostra que não há marinheiros no convés onde os japoneses afirmam que havia”.

Mas por que tanta demora em decidir o destino de Watson? “Este é um procedimento que envolve vários estágios legais, e o Ministério da Justiça está atualmente aguardando a avaliação legal da polícia da Groenlândia e do Diretor de Promotoria Pública”, explica Christoffersen. Cabe ao Ministério da Justiça da Dinamarca a decisão final. 

O que diz Watson

“Se eles acham que isso vai nos impedir de nos opormos a eles, estão enganados! Eu só mudei de navio, e meu navio atual é o ‘Prison Nuuk‘, declarou o ativista em entrevista à AFP, na semana passada. “[Os japoneses] Querem me usar como exemplo para mostrar que não ninguém os impedirá de caçar baleias”.

Para Essemlali, a detenção de Watson e a forma como o assunto tem repercutido no mundo podem ser uma boa oportunidade de chamar a atenção para a intransigência japonesa.

“Pelo lado positivo, nunca houve tanta atenção sobre a caça à baleia japonesa (…) e para denunciar o que o Japão está fazendo na Antártica, como está violando a moratória global* sobre a caça à baleia”, declarou a presidente da Sea Shepherd francesa.

Watson e sua fundação têm dois barcos, prontos para intervir se uma das potências baleeiras assumir o controle. Japão, Noruega e Islândia são os únicos países que autorizam a caça às baleias.

Até agora, a petição online divulgada pela Sea Shepherd Brasil reuniu 24271 assinaturas (assine e compartilhe!).

Emboscada?

Paul Watson está preso desde 21 de julho (contamos aqui), quando o navio M/Y John Paul DeJoria – que pertence à Captain Paul Watson Foundation (CPWF) – atracou em Nuuk para abastecer. 

Ativista e equipe haviam saído da Irlanda em 11 de julho com uma missão: ir atrás do maior e mais perigoso navio baleeiro, o Kangei Maru, construído pelo Japão ao custo de US$ 48 milhões e lançado ao mar em junho. O objetivo era interceptá-lo ao norte do Oceano Pacífico, e “encerrar suas operações”, contou Watson ainda na capital irlandesa, antes de partir.

Na ocasião, o pedido de prisão e extradição expedido em 2012 pelo Japão constava como cancelado na lista da Interpol. Mas, na verdade, seu status havia sido alterado para confidencial, ficando invisível para o público. Por isso a CPWF e Watson foram surpreendidos por agentes da polícia federal dinamarquesa e agentes da SWAT em Nuuk. 
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* SOBRE A MORATÓRIA GLOBAL CONTRA A CAÇA ÀS BALEIAS: Em 19 de fevereiro de 1986, a Comissão Baleeira Internacional, formada por mais de 80 países, declarou a moratória global que proíbe a caça de baleias para fins comerciais. Devido a décadas de exploração, algumas espécies estavam à beira da extinção, especialmente nas águas geladas próximas aos polos. Só no entorno da Antártida, estima-se que mais de 1,3 milhões de baleias tenham sido caçadas nos 70 anos anteriores à moratória.

Leia também:
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Artistas se mobilizam e pedem aos brasileiros que se engajem pela libertação do ativista Paul Watson
 

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Foto (destaque): Captain Paul Watson Foundation/divulgação 

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