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Concentração de CO2 bate novo recorde, de novo

concentração de CO2 bate novo recorde

OK, nós sabemos, isso está ficando repetitivo. Pedimos desculpas aos leitores, mas temos de reportar mais um recorde climático negativo: a concentração de dióxido de carbono chegou a 402,1 partes por milhão (ppm) na primeira semana de janeiro de 2016. Feliz Ano Novo pra vocês também.

O índice foi registrado no Observatório do Mauna Loa, no alto do vulcão homônimo no Havaí, onde desde 1958 cientistas americanos medem a variação na concentração do principal gás de efeito estufa na atmosfera. Como fica no meio do oceano e longe de fontes de poluição, o Mauna Loa é considerado um sítio representativo das concentrações de CO2 da Terra.

O número importa porque a concentração de CO2 no ar é um indicador de aquecimento global. Temperatura e CO2 sempre variaram simultaneamente nos últimos 800 mil anos, e nos últimos 800 mil anos (e possivelmente nos últimos 3,5 milhões de anos) a concentração desse gás-estufa jamais ultrapassou 300 ppm. Os modelos climáticos sugerem que dobrar a concentração de CO2 na atmosfera em relação ao período pré-industrial (ou seja, atingir algo em torno de 550 ppm) fará o planeta esquentar 3 graus Celsius. Para manter a temperatura dentro de limites nos quais é possível a humanidade se adaptar, é preciso limitar a concentração a, no máximo, 450 ppm. Em 2014 nós ultrapassamos o limite das 400 ppm pela primeira vez, e começamos 2016 com 402,1 ppm.

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Por enquanto, trata-se de uma flutuação sazonal. É inverno no Hemisfério Norte, que concentra a maior parte das terras e da vegetação do globo, e o CO2 sobe devido à queda e à decomposição das folhas nas florestas temperadas, para cair de novo na primavera. Só que, mantido o ritmo de aumento da concentração desse gás no ar visto na década passada, teremos atingido o limite de 450 ppm em cerca de 20anos.

A boa notícia é que, nos últimos dois anos, esse ritmo parece ter desacelerado. Em 2014, o crescimento foi de apenas 0,6%, e em 2015 a previsão é também de crescimento baixo ou até mesmo de uma queda de 0,6%. São números cheios de incerteza e não indicam necessariamente uma tendência, mas desacelerar o crescimento da concentração de carbono no ar agora ajudaria a humanidade a ganhar tempo para implementar o Acordo de Paris — e, quem sabe, evitar os piores cenários de aquecimento global.

Leia também:
Extremos climáticas marcam final de 2015 nos Hemisférios Norte e Sul
2016 pode ser o ano mais quente da história
O Acordo de Paris e os desafios para reduzir as emissões de CO2

*Texto publicado originalmente em 15/01/2016 no site do Observatório do Clima

Foto: domínio público/pixabay

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