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Como falar sobre a crise do clima com as crianças

Como falar sobre a crise do clima com as crianças

As notícias sobre a crise climática que enfrentamos estão em todo lugar e podem ser fonte de muita ansiedade e medo para as crianças. A forma como nós, adultos, – pais, mães e educadores – conversamos e interagimos sobre esse tema com elas é fundamental para trazer conforto e esperança, ao mesmo tempo, engajá-las num dos maiores desafios da nossa época e dos seus futuros.

Apresentamos, a seguir, algumas sugestões sobre como fazer isso com foco em três valores: respeito pelos dados científicos, empatia e conexão com a natureza.

Quebre o silêncio e apresente os fatos básicos

Para muitas famílias, os impactos da crise do clima estão batendo à porta na forma de enchentes, seca ou incêndios. Mas, para muitos privilegiados, o assunto pode passar despercebido e dar a sensação de que não está acontecendo nada grave.

Ajudar as crianças a lidar com o tema e, mais ainda, contribuir para a solução do problema, exige, antes de mais nada, vencer o medo e falar sobre o assunto com transparência, pesquisar e informar-se sobre os dados e os caminhos de enfrentamento. 

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Esteja preparado para conversar caso a criança traga esse assunto para casa, ou ainda, provoque uma conversa em um ambiente seguro, para que ela se sinta confortável e consiga expressar suas angústias. Um bom papo pode ser muito reconfortante e trazer segurança, esperança e vontade de agir.

Cada criança e cada idade pede uma abordagem diferente, mas há recursos disponíveis para todas elas, incluindo livros, filmes e sites.

Assim, recomendamos:
– para as crianças, o livro Greta e os Gigantes;
– para os adolescentes que já acessam redes sociais, o perfil Fervura no Clima
– para pais, mães e responsáveis, o perfil Famílias pelo Clima e
– para educadores, o site Mudanças Climáticas e a Sociedade.

Aja pela mudança

Tão importante quanto acolher as angústias das crianças em relação à crise climática é mostrar a elas que é possível fazer algo para mudar o curso dos fatos. Cada um de nós, em seu campo de atuação e influência, pode agir: em nossa profissão, em nossas escolhas eleitorais e em nossas decisões de consumo.

Nosso engajamento é fundamental para a construção de um futuro seguro, justo e sustentável para as crianças e as futuras gerações.

Reduzir o consumo de qualquer produto, parar ou diminuir o consumo de carne, cultivar alimentos, revegetar nossa vizinhança, abolir o uso de plásticos e outros materiais descartáveis, gastar menos energia e combustíveis fósseis e tratar o lixo doméstico são exemplos de ações individuais que também podem minimizar os danos. Embora possa parecer difícil mudar hábitos, é preciso começar.

Também é possível e necessário agir no coletivo, pressionando governos e empresas por mudanças urgentes. No Brasil, o grupo Famílias pelo Clima vem realizando esforços que têm dado resultados positivos e concretos. Esse tipo de ação mostra para as crianças que, muito além do discurso, há pessoas trabalhando duro para mudar a realidade.

Ao mesmo tempo, entrar em contato com essas iniciativas traz às crianças a esperança e o impulso necessário para elas transformarem uma possível angústia ou ansiedade em ações positivas e propositivas, como aconteceu com a jovem ativista Greta Thunberg, criadora do movimento mundial Fridays For Future (o Conexão Planeta tem publicado reportagens a respeito de suas ações e declarações, desde 2018).

E, falando em Greta, podemos apoiar os jovens em suas lutas. Como escreveu a bióloga e ativista ambiental Karina Penha, em sua coluna no jornal Folha de SP:

“A geração que cresceu com a promessa de um aquecimento global descobriu que a única opção é lutar”. É nosso dever estar ao lado deles e delas, sempre lembrar que esse é um desafio coletivo e que o peso da responsabilidade não deve recair unicamente nas crianças e jovens”. 

Assim, recomendamos apoiar os grupos Fridays For Future Brasil e Engajamundo, bem como integrar o movimento Famílias Pelo Clima, já citado anteriormente.    

Passe tempo ao ar livre

As crianças não se percebem separadas da natureza até por volta dos 12 anos de idade. Portanto, esse é um período da vida no qual devem vivenciar o mundo natural pautadas pela alegria e pelo vínculo. Essas experiências contribuem para que os pequenos se relacionem com a natureza pela dimensão do sensível, do encantamento, e isso os ajuda a ter capacidade de sonhar o futuro de si e do mundo.

Então, muito antes de conversar sobre o destino do planeta, é fundamental explorar a natureza, mesmo que seja a mais próxima de casa – na praça e no parque -, priorizando as vivências em família ao ar livre, em detrimento de um passeio no shopping, em geral, pautado pelo consumo.

A antiga frase “só cuidamos do que amamos”, nunca foi tão verdadeira.

Foque na esperança e na capacidade das crianças de revolucionar

Como ajudar as crianças a encarar o contexto sem perder a esperança e sem deixar que o medo, a ansiedade e a apatia prevaleçam? 

Pesquisadores que estão estudando como elas lidam com o estresse relacionado às crises ambientais ressaltam duas estratégias que parecem dar resultados: 
– (i) Confiar no fato de que não estamos sozinhos nessa luta, que muitas pessoas e organizações estão trabalhando arduamente para fazer as mudanças necessárias. Dê exemplos, converse sobre as soluções que estão em curso e
– (ii) Enxergar a crise climática como um desafio que também embute em si possibilidades positivas de mudanças que as sociedades precisam fazer para preservar o mundo natural e melhorar a qualidade de vida de todos.

Esses dois caminhos ajudam as crianças a desenvolver uma esperança construtiva e a ter desejo de agir. E aqui fica nossa última sugestão: ouvir as crianças com respeito e empatia por suas ideias e sugestões, e incentivar seu protagonismo, mostrando que elas podem contribuir para o enfrentamento do imenso desafio que está à nossa frente. 

Para se aprofundar no tema, assista a live Como e quando falar de crise climática com as crianças.

Leia também:
Chega de promessas vazias! Este é o grito por justiça climática das presentes e futuras gerações
Crianças e a crise climática

Foto: Maria Isabel Amando de Barros (arquivo pessoal)

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