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Com a ajuda de moradores de Campo Grande, MS, pesquisadores vão mapear trajetos urbanos das antas e realizar estudo inédito

Com a ajuda de moradores de Campo Grande, MS, pesquisadores vão mapear trajetos urbanos das antas e realizar estudo inédito

Às vésperas de completar 25 anos a INCAB – Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (iniciativa do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas) acena com mais uma ação inovadora para incrementar a proteção da espécie no Mato Grosso do Sul.

Batizado de Projeto Antas Urbanas, o estudo inédito no mundo está focado em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, o ambiente urbano que mais recebe a visita de antas fora de seu habitat natural.

Devido ao grande número de registros de antas no perímetro urbano de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, este estudo inédito no mundo visa reunir dados mais precisos sobre esses avistamentos, com o intuito de monitorar os animais que frequentam a cidade, avaliar seu estado de saúde e o impacto de potenciais ameaças para a espécie.

Serão utilizados registros feitos pela Polícia Militar Ambiental (PMA), notícias da imprensa local divulgadas nas redes sociais (importante marcar a @incab_brasil nos posts) ou mensagens compartilhadas por moradores, além de informações divulgadas por funcionários e gestores das Unidades de Conservação (UC) e de outras áreas verdes existentes no município.

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Ciência Cidadã pelas antas

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Foto: INCAB-IPÊ/Divulgação

Quem quiser contar sobre o avistamento de antas diretamente para o biólogo Felipe Fantacini, que integra a equipe de pesquisadores do estudo, pode fazê-lo pelo Whatsapp (67) 9-9337-0799 ou do e-mail fantacini@ipe.org.br

“O envolvimento da população dessa forma é chamado de Ciência Cidadã e tem o potencial de contribuir com informações preciosas para a pesquisa”, explica Fantacini.

No final do estudo, as instituições e as pessoas mais envolvidas com o projeto serão reconhecidas pelo comprometimento com a ciência e com a biodiversidade. Mas, com este estudo e o envolvimento da população, a INCAB quer mais:

“Esperamos também despertar o interesse pela espécie e pelo processo de pesquisa científica, pontos fundamentais para a conservação da anta brasileira“, completa Patrícia Medici, uma das maiores especialistas de antas do mundo e coordenadora da iniciativa.

Estudo vai impulsionar estratégias de conservação

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Foto: INCAB-IPÊ/Divulgação

“Apesar da frequência de avistamentos de antas, até o momento, não existem informações sobre a espécie em áreas periurbanas e urbanas de grande adensamento populacional humano”, conta Patrícia,

Segundo a pesquisadora reconhecida em 2020 com o “Oscar Verde da Conservação“, o Whitley Gold Award, oferecido pelo Whitley Fund for Nature (WFN) este é um contexto ainda pouco compreendido pela ciência, e, quando for entendido em suas peculiaridades, contribuirá para a conservação da anta.

Com os dados reunidos, a equipe da INCAB-IPÊ poderá elaborar mapas sobrepostos a imagens de satélite, ilustrando os pontos de avistamento de antas. “Dessa forma, vamos estabelecer os hotspots de ocorrência e os locais com maior probabilidade de sucesso de captura“, salienta Patrícia.

Com a ajuda de moradores de Campo Grande, MS, pesquisadores vão mapear trajetos urbanos das antas e realizar estudo inédito
Patrícia Médici com as amadas antas/ Foto: Marina Klink

As áreas mais frequentadas pela espécie serão definidas como os locais onde serão realizadas as capturas, tanto para a instalação de colares de monitoramento quanto para a realização de exames de saúde pela equipe de veterinários.

Por meio desses colares (que utilizam telemetria via satélite), os animais serão monitorados durante 12 meses.

“A partir do uso dessa tecnologia, saberemos mais sobre a movimentação dos indivíduos pela cidade e seus arredores e investigaremos o estado de conservação das antas na área em questão”.

Depois do período programado, os colares se desprendem automaticamente do pescoço das antas e são resgatados pela equipe para serem recondicionados. Se isso não acontece, os animais são recapturados para a retirada do colar de forma manual.

“Com os estudos realizados pelo Projeto Antas Urbanas, em Campo Grande, teremos dados capazes de subsidiar o desenvolvimento e a implementação de estratégias de conservação da espécie com potencial de contribuir com a viabilidade desse grupo a longo prazo”, acrescenta a pesquisadora.

Vale destacar que a INCAB mantém o mais completo banco de dados do mundo sobre a anta brasileira (Tapirus terrestris), embasado por longas e profundas pesquisas desenvolvidas na Mata Atlântica, no Cerrado, no Pantanal e na Amazônia.

Espécie ameaçada e essencial para a conservação da natureza

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Foto: INCAB-IPÊ/Divulgação

Conhecida como a jardineira da floresta, por ser expert na dispersão de sementes, a anta brasileira tem papel essencial na conservação da biodiversidade.

E ainda é considerada pela ciência como uma espécie guarda-chuva, que quer dizer que, se as áreas onde vivem forem conservadas, de forma adequada, uma série de outras espécies se beneficiam.

“A redução nas populações de antas pode levar a mudanças em cascata nas comunidades ecológicas e até a perda das funções ecossistêmicas, que são fundamentais para a persistência de outras espécies, comunidades e do ecossistema como um todo”, alerta Felipe Fantacini.

Patrícia Médici destaca que o desmatamento e a expansão dos centros urbanos representam grandes ameaças para a conservação da espécie, “resultando na fragmentação e na perda da qualidade de seu habitat. A intensa modificação dos ambientes naturais ao redor dos centros urbanos torna os animais ainda mais expostos aos conflitos com os seres humanos”.

E a pesquisadora acrescenta: “Os atropelamentos e a transmissão de agentes infecciosos provenientes de animais domésticos exemplificam os riscos dessa interação”.

Devido a sua situação vulnerável, a anta brasileira faz parte de duas listas vermelhas de conservação:
– uma internacional, da IUCN – International Union for Conservation of Nature (União Internacional para a Conservação da Natureza), como espécie vulnerável à extinção; e
– outra, nacional, do ICMBIO – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão governamental, como espécie ameaçada no Cerrado.

Vamos ajudar a tirá-la das duas listas? Uma forma eficaz é fazendo doações mensais em dinheiro. E não precisa ser muito.

Doações mensais fazem a diferença

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Foto: Patrícia Médici

Como contei no início deste texto, a INCAB-IPÊ está completando 25 anos de atuação: ações de pesquisa e de conservação da anta e seu habitat em diversas partes do Brasil.

Mas para manter esse trabalho de longo prazo é preciso ter jogo de cintura, adaptabilidade, apoio e recursos. Dá pra imaginar? E as adversidades podem vir não só das dificuldades financeiras ou de logística, mas da natureza.

Os pesquisadores da INCAB-IPÊ dizem que vale a pena, veja:

“Em 25 anos, pudemos nos consolidar e construir o maior e mais completo banco de dados sobra a anta no mundo, estando na vanguarda da pesquisa básica e aplicada e nos tornando referência em diversos temas; temos implementado ações concretas para a conservação da espécie e seu habitat; atingimos milhões de pessoas pelo mundo por meio da comunicação, conscientização, educação ambiental e turismo científico; beneficiamos comunidades nas áreas onde atuamos e continuamos a expandir nossos horizontes, acreditando num futuro mais biodiverso para as próximas gerações”.

Também pudera! A INCAB-IPÊ reúne “um time altamente qualificado, que trabalha com muita dedicação, força e brilho no olho”.

Mas também conta com muitos apoiadores: grandes, médios e pequenos. E nem pense que pequenas quantias não fazem a diferença! Com uma pequena doação mensala partir de R$ 30 – é possível ajudar a manter as ações da instituição e a conservação da jardineira das florestas.

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No Cerrado, antas e outros animais tentam sobreviver em fragmentos de habitat e oceanos de soja e cana (artigo de Patrícia Médici)

Imagem: arte de Ronald Rosa

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