Ao adquirir uma casa na Baía da Babitonga, ao norte do estado de Santa Catarina, com muito vidro espalhado por painéis e grandes janelas, ficamos um tanto preocupados. Em três meses de reforma, optamos por deixar os vidros sujos e embaçados para evitar a colisão das aves e, mesmo assim, registramos a morte de cinco sabiás-una, espécie também conhecida por sabiá-preta (Turdus flavipes). Cinco lindas aves cantoras que chocaram-se fatalmente contra o vidro. E agora, o que fazer?
Evocamos a experiência da Reserva Rio das Furnas, onde moramos anteriormente e aplicamos silhuetas de rapinantes nas janelas e os choques cessaram. Resolvemos fazer o mesmo na casa nova. Resultado: um belo dia, com adesivos aplicados, vidros limpinhos, uma linda fêmea de Anambé-branco-de-bochecha-parda (Tityra inquisitor) bate com tudo numa das janelas e quase morre.
Claro, isso nos abalou um bocado e saímos em busca de uma solução eficaz. Furunca daqui, busca dali e chegamos aos adesivos vinílicos de bolinhas brancas, encontrados numa loja virtual de artigos infantis na internet que vende as tais bolinhas de várias cores e tamanhos para serem aplicadas na parede como adorno em quartos de crianças.
O processo de colagem foi simples, embora um pouco demorado; mas, eficiente. Primeiro cria-se um gabarito quadriculado de 5 x 5cm em um papel pardo para ser colado pelo lado de dentro do vidro que servirá de base para fixar as bolinhas que tem 1cm de diâmetro. Os vidros passam por uma limpeza extra com querosene para que as bolinhas não soltem quando o vidro precisar ser limpo. Um estilete auxilia no trabalho de colagem e está pronto.
Esse método já foi tese acadêmica e testado em vários países e nisso nos apoiamos, além de uma live com especialistas sobre o tema, uma matéria publicada aqui no Conexão Planeta e dicas espalhadas pelo mundo acadêmico e cidadão.
Tem muito vidro em tudo quanto é lado e de vez em quando a gente vê até publicações sobre acidentes fatais, tristeza que gera certa comoção e é esquecida até que novo acidente aconteça e assim a vida segue, sem dar muita atenção a sucessivas mortes que poderiam – e deveriam! – ser evitadas.
Pouco se faz para acabar com esta situação, até porque não existe muita divulgação sobre o tema e as pessoas acabam se “acostumando” com algum passarinho que, de vez em quando, bate na janela… Comentam em dar água com açúcar, massagear e relatam os “sobreviventes”; porém, e daí? Ninguém vê o depois? Será que o passarinho sobreviveu ou morreu com algum traumatismo?
Imagine você estar voando a 40km/h e entrar de cabeça, com tudo, numa barreira invisível de ar sólido! É o que acontece com as aves ao bater na janela, no muro de vidro, no painel reflexivo e, depois, ainda tem gente que argumenta “mas é só de vez em quando que um passarinho bate e às vezes morre”, dito assim, isso nos deixa muito tristes, então resolvemos agir e mostrar que existe solução.
Ficamos satisfeitos com o resultado ao presenciar um sabiá desviar da vidraça, provavelmente, após ter notado a barreira visual criada pelas bolinhas. Depois disso, nada mais de choques fatais.
Agora, com o resultado positivo das bolinhas adesivas, vamos fazer circular ao máximo esta informação, para que mais pessoas adotem uma sugestão, simples, barata, eficaz e “chic”, segundo comentários de quem viu a casa das bolinhas brancas.
Bora lá, mão na massa, MORTE ZERO para os passarinhos com bolinhas nos vidros, já!
Abaixo, o passo a passo para ajudar você em casa:
Gabarito atrás do vidro facilita a colagem das bolinhas
Estilete necessário para descolar da cartela
A colagem é feita uma a uma com paciência e vidros limpos com querosene
Bolinhas e rapinantes vistos pelo lado de dentro da casa
Depois de pronto o pessoal gostou do resultado e as aves deixaram de colidir nas janelas
Fotos: Bill Gracey/Creative Commons/Flickr (abertura, Gabriela Giovanka (Renato no alto da escada) e demais Renato Rizzaro