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O 1º Encontro Internacional de Cinemas Movidos à Energia Solar, organizado pela rede internacional Solar World Cinema, reúne, a partir de hoje (5) em São Paulo, representantes de projetos de 12 países.
Na capital paulista e em duas cidades do Rio Grande do Norte, eles conversam (entre eles) sobre o aprimoramento e o crescimento do setor, além de promover sessões de curtas e de longas-metragens abertas ao público, com entrada gratuita, seguidas de debates sobre temas relacionados ao planeta, ao clima e às energias renováveis.
No Rio Grande do Norte, as exibições acontecerão nos municípios de Caraúbas, no distrito de Maxaranguape (dia 8) e de São Miguel do Gostoso (9, 10 e 11).
Esta é a primeira vez que os idealizadores dos projetos Sunshine Cinema (África do Su); Solar Cinema Northern Territory (Austrália); CineSolar (Brasil); Plataforma Visual (Chile); Solar Cinema Adria (Croácia); Cineciutat (Espanha/Maiorca); Arizona Loft Solar Cinema (Estados Unidos); Solar Cinema Peloponnisos (Grécia); Solar World Cinema (Holanda); Cine Movil Toto (México); Solar Cinema Nepal (Nepal) e Solar Cinema Western (Saara Ocidental) se encontram e escolheram o Brasil por um motivo muito especial.
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sem luz elétrica e com o céu estrelado assim, que tal?
Foto: Cine Solar / divulgação
COP30 no Brasil é chamariz para encontro
A escolha do Brasil para sediar este primeiro evento deve-se à COP30 – Conferência de Clima da ONU, que será realizada em novembro deste ano, em Belém, no Pará.
“Nós pensávamos sobre esse encontro há muitos anos, mas adiamos nossos planos devido à pandemia da covid-19. Com a COP30 programada para acontecer no Brasil este ano, decidimos que o país seria o local ideal para o primeiro encontro”, explica Maureen Prins, fundadora do Solar World Cinema, da rede e uma das coordenadoras do evento.
“Como pioneiras do cinema solar e fundadoras da rede internacional Solar World Cinema” – suas parceiras são Maartje Piersma e Stien Meesters – “achamos maravilhoso que a ideia tenha se expandido. É essencial entender as realidades e especificidades de cada projeto para determinar como podemos compartilhar experiências e conhecimento, colaborar em iniciativas conjuntas e conscientizar sobre a importância da cultura, sustentabilidade e causas ambientais para o planeta”, acrescenta.
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Foto: Solar World Cinema / divulgacao
Para Cynthia Alario, idealizadora do Cine Solar – o primeiro movido a energia do sol no Brasil, lançado há 11 anos –, a escolha do país, no ano da COP 30, é imprescindível para ajudarmos a fomentar o debate no viés das artes sobre o impacto das mudanças climáticas no mundo. Nós, que trabalhamos com cultura e meio ambiente, podemos contribuir com o envolvimento da sociedade civil e do estado em projetos e ações que impactem nas mudanças climáticas e em toda a questão ambiental que é a grande pauta da humanidade hoje”.
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1º Encontro Internacional de Cinemas Movidos a Energia Solar
Foto: Tarsila Alves / divulgação
Cynthia destaca que é urgente promover “ações de conscientização, para que as pessoas entendam que este não é um tema de um país ou de um povo, mas do planeta Terra”.
Por isso, acredita que os projetos de cinema móvel e solar – que acontecem em vários lugares do mundo – podem ajudar a “formar uma massa crítica não apenas sobre ações culturais, mas também sobre questões ambientais. Ainda mais neste momento em que há lideranças que procuram barrar as ações que defendem o meio-ambiente, que não percebem o impacto das suas ações e que, às vezes, até procuram trabalhar contra ações que são fundamentais”.
E finaliza: “Após onze anos de trabalho intensivo com o cinema itinerante movido a energia solar, com o objetivo de democratizar o cinema, levando-o para os lugares mais remotos do país, estamos reunindo parceiros apaixonados e aspirantes para trocar conhecimento, experiências, apresentar a diversidade de iniciativas do cinema solar e despertar ideias para estender ainda mais nossa rede pelo mundo”.
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Foto: CineSolar / divulgação
Abhimanyu Humagain, diretor do Cinema Solar Nepal, conta que o projeto em seu país, criado em 2023, tem a missão de levar cinema a comunidades e escolas através de eventos noturnos e atividades comunitárias. “Com seis mil estudantes diretamente envolvidos, o projeto aprimora a aprendizagem sobre sustentabilidade e favorece as conexões entre comunidades e a escola”.
E ele acrescenta: “Estamos ansiosos pelo encontro no Brasil. É importante trocar ideias, aprender com outras iniciativas e explorar colaborações para aumentar globalmente o impacto dos projetos de cinemas movidos a energia solar”.
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Foto: Solar World Cinema / divulgacao
Mobilidade, energia solar e muita disposição
As principais características do cinema solar são a mobilidade e a energia utilizada – sempre solar -, o que define o ambiente no qual os filmes são exibidos – sempre ao ar livre -, e o horário – sempre noturno -, o que dá um tom comunitário e, de certa forma, poético a esses projetos.
Na maioria dos países, o cinema solar funcionaa partir de vans equipadas com placas solares que tornam possível, por meio de um sistema conversor de energia solar para elétrica, a exibição de filmes e de apresentações artísticas.
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Foto: CineSolar / divulgação
No interior dos veículos, há assentos para o público e um telão, que são utilizados para a montagem das ‘salas de cinema’.
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Foto: Solar Cinema Northern Territory / divulgação
Mas, o que define como se dá o deslocamento do cinema móvel são a localização, a cultura e as possibilidades encontradas no país. No Nepal por exemplo, o material é levado por burro ou cavalo (foto abaixo); na Austrália, por trailer (foto acima); no Saara Ocidental, por um carro com tração nas quatro rodas.
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burro ou cavalo até o local de exibição: aqui, parada para descanso
Foto: Solar Cinema Nepal / divulgação
Como configurar seu próprio cinema solar
Desde que surgiu, em 2010, a missão da rede Solar World Cinema é democratizar o acesso ao cinema, além de conscientizar e enfatizar a importância da transição energética com base nas energias renováveis.
Os cinemas solares viajam em diferentes países do mundo e são completamente autossuficientes. Todos os equipamentos dos cinemas móveis são alimentados 100% por energia solar e, após o pôr do sol, exibições de filmes ao ar livre são organizadas em espaços públicos.
“Nós vamos além das fronteiras do mundo cinematográfico tradicional. Nós levamos filmes inéditos para lugares inusitados”, declara o site da rede.
Após 15 anos de cocriação de cinemas solares ao redor do mundo, a rede deseja que esse movimento se expanda, por isso compartilha o conhecimento adquirido por meio do que chama de kit de ferramentas digitais, com o qual ensina Como configurar seu próprio Cinema Solar.
“Este kit funciona como uma mão amiga; tanto prática quanto como fonte de inspiração para iniciar seu próprio cinema móvel sustentável” e é composto por depoimentos de parceiros, tutoriais e PDFs informativos.
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Foto: divulgação
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Foto (destaque): Plataforma Solar (Chile) / divulgação