Todos os anos, entre os meses de julho e novembro, as baleias jubarte podem ser vistas no litoral brasileiro. Elas chegam ao país, vindas da Antártica, para se reproduzir nas águas quentes dos trópicos. O Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no sul da Bahia, é considerado o berçário da espécie no Oceano Atlântico Sul Ocidental.
Há mais de 30 anos o Projeto Baleia Jubarte acompanha a presença das jubartes no Brasil, um trabalho que busca a melhor compreensão e proteção da espécie. Anualmente os pesquisadores realizam um censo dos animais e agora em 2020 o resultado desse monitoramento revela excelentes notícias.
De acordo com o projeto, ao longo dos mais de 4.254 km da costa navegados, foram observados 424 grupos de baleias jubarte, num total de 1040 indivíduos, dos quais 279 eram filhotes nascidos na Bahia e Espírito Santo.
“Em 2019 tivemos 11,4% de filhotes do total de animais registrados, mas este ano encontramos 17,6%; isso quer dizer que muitas baleias que vieram acasalar no ano passado tiveram seus filhotes em 2020. No final da temporada quase todo grupo que avistávamos tinha um filhote junto à sua mãe”, destacou Eduardo Camargo, coordenador do Projeto Baleia Jubarte.
Estima-se que a população da espécie no Brasil passe das 20 mil jubartes. Além da contagem dos indivíduos, também foram coletadas amostras de gordura e pele da baleias para análise genética.
“Com as análises genéticas é possível identificar os indivíduos, saber o grau de parentesco entre as baleias e determinar se há migração entre as diferentes populações. Já as amostras de gordura ajudam a entender o quanto as mudanças climáticas estão afetando a Antártica e, indiretamente, as baleias. A jubarte está sendo usada, assim, como uma sentinela da condição climática de toda a região”, explica Milton Marcondes, coordenador depesquisa do projeto.
Este ano, por causa da pandemia, o trabalho de campo envolveu uma série de protocolos para garantir a segurança dos pesquisadores. Foi preciso reduzir o número de pessoas nos barcos para assegurar o distanciamento social. Além disso, os estudos feitos na ilha de Santa Bárbara, no Parque dos Abrolhos, assim como o turismo de observação de baleias, foram cancelados.
Todavia, há suspeita de que a própria pandemia possa ter ajudado nos bons números registrados em 2020. Os especialistas afirmam que a diminuição no transporte de cargas marítimas e nas atividades pesqueiras deve ter reduzido o risco de atropelamento de baleias por navios e emalhe em equipamentos de pesca. O menor tráfego de embarcações também pode ter contribuído para que os machos de jubarte pudessem cantar mais livremente para atrair as fêmeas, sem ter que competir com o ruído dos barcos.
A linda e majestosa baleia jubarte
Descrita pela primeira vez na Nova Inglaterra (Estados Unidos), a baleia jubarte tem seu nome científico vindo deste local – novaeangliae -, e Megaptera – que em grego antigo significa “grandes asas”, já que suas imensas nadadeiras peitorais podem medir até 1/3 do comprimento total de seu corpo, algo em torno de 16 metros.
As jubartes podem ser encontradas em todos os oceanos. Chegam a pesar até 40 toneladas. Por isso mesmo, é tão impressionante ver o salto de uma delas, que consegue projetar todo seu corpo para fora da água.
Como é um animal do topo da cadeia alimentar, a jubarte é uma excelente indicadora da qualidade e do equilíbrio dos oceanos. Essa gigante dos mares tem ainda um importante papel em fertilizar as águas oceânicas.
Abaixo o vídeo produzido pelo Projeto Baleia Jubarte com o lindo canto desses cetáceos:
Leia também:
Depois de quase extintas, baleias jubarte atingem número recorde no Brasil e Atlântico Sul
Biólogos registram, com drone, os momentos após o nascimento de um filhote de baleia jubarteA baleia branca mais famosa do mundo é avistada na costa da Austrália
O salto da baleia jubarte
“Meu encontro com as baleias jubartes”
Baleia-jubarte protege outras espécies de animais contra predadores, revela estudo inédito
Fotos: divulgação Projeto Baleia Jubarte