Ameaçada de extinção, a onça-pintada (Panthera onca) é o terceiro maior felino do mundo e o maior do continente americano.
Uma importante população da espécie habita o chamado “Corredor Verde”, uma área considerada um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica, que abrange os Parques Nacionais do Iguaçu (Paraná/Brasil e Argentina), o Parque Provincial Urugua-í (Argentina), outros fragmentos de florestas localizados na província de Missiones (Argentina) e o Parque Estadual do Turvo (Rio Grande do Sul/Brasil).
São cerca de 600 mil hectares em unidades de conservação e outros 400 mil de florestas, ainda primitivas ou pouco alteradas.
A cada dois anos é realizado um grande censo para saber qual é o número de onças-pintadas no Corredor Verde. E o resultado do monitoramento acaba de ser divulgado, com muita celebração, pelo Projeto Onças do Iguaçu e seus parceiros internacionais.
Segundo o levantamento, em 2018, foram contabilizadas 105 onças-pintadas nessa região, um aumento de 15% em relação ao censo de 2016, quando foram observados 90 felinos.
Estima-se que na década de 90, o número desses animais passava de 400 em territórios brasileiros e argentino. Mas em 2005, houve um redução alarmante e a população da espécie chegou a 40 indivíduos.
O novo monitoramento apontou que, no Parque Nacional do Iguaçu, o número de onças-pintadas cresceu 27% em dois anos, passando de 22 para 28. Em 2009, eram aproximadamente onze felinos.
Para chegar a esses números, as equipes do Projeto Onças do Iguaçu e do Proyecto Yaguareté (Argentina) analisaram 217 pontos de amostragem, espalhados em 600 mil hectares e percorreram mais de 10 mil km – de carro, a pé, de barco e helicóptero. Além disso, também contaram com a ajuda de imagens de armadilhas fotográficas para ter uma ideia da densidade das onças-pintadas nos dois países.
“Essa é a única população de onças-pintadas da Mata Atlântica que está comprovadamente crescendo. Temos muito trabalho pela frente para garantir que esse crescimento se mantenha e que a espécie esteja segura na nossa região”, celebraram os biólogos do projeto brasileiro no Facebook.
Vale ressaltar que o trabalho realizado por essas entidades de proteção ambiental não se restringe somente ao monitoramento, mas inclui ações de educação e conscientização, fundamentais para que as pessoas possam entender a importância da conservação e do respeito às onças-pintadas e seu habitat para a sobrevivência de espécie, tão ameaçada.
Trabalho de campo da equipe do Projeto Onças do Iguaçu
Como a onça-pintada é um animal do chamado “topo da cadeia alimentar”, as condições de sua população (crescimento ou declínio) são um termômetro para medir o equilíbrio ambiental.
Por ano, cerca de 1,8 milhão de pessoas visitam o Parque Nacional do Iguaçu, que tem como principal atração, as Cataratas do Iguaçu. Com uma administração focada na sustentabilidade, conseguiu-se – mesmo com o aumento de turistas – diminuir os impactos na vida selvagem.
Ameaçada de extinção
A onça-pintada, também chamada de jaguar, originalmente era encontrada desde o sudoeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina. Atualmente, a espécie está oficialmente extinta nos Estados Unidos, é muito rara no México, mas ainda pode ser vista na Argentina, Paraguai e Brasil.
Devido à perda de habitat e a fragmentação da mata, provocados pelo desmatamento, pesquisadores afirmaram recentemente que a onça-pintada pode desaparecer da Mata Atlântica, como mostramos aqui, neste outro post.
A espécie já perdeu 85% de seu habitat e sobrevive em apenas 2,8% do bioma atlântico, em grupos muito pequenos: existem menos de 300 indivíduos. Se nada for feito, acredita-se que, em 50 anos ela desaparecerá do país.
Curiosidades sobre o maior felino das Américas
Diferentemente da maioria dos felinos, a onça-pintada não mia. Assim como o tigre, leão e leopardo, ela emite roncos muitos fortes, chamados de esturros.
Outra curiosidade sobre a Panthera onca é em relação às suas manchas. Cada animal tem uma padrão de manchas único, ou seja, nunca haverá duas onças-pintadas iguais. É como se as manchas fossem impressões digitais. Por estão razão, elas são utilizadas para a identificação dos felinos.
Durante trabalho de captura para observação e estudo da onça-pintada, pesquisadores costumam fotografar a pelagem do animal na lateral e também na cabeça, assim é possível diferenciá-lo junto a outros felinos da mesma espécie.
Tarobá, uma das onças do Parque Nacional do Iguaçu
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Fotos: Emilio White/reprodução Facebook Projeto Onças do Iguaçu