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Caracol raro é filmado, pela primeira vez, colocando ovo pelo pescoço

Caracol raro é filmado, pela primeira vez, colocando ovo pelo pescoço

A natureza é tão incrível e misteriosa, que poucas coisas surpreendem pesquisadores que trabalham nessa área. Mas algumas certamente chamam a atenção. E ainda mais, quando se consegue documentar algo pela primeira vez. E em vídeo! Esse foi o caso da pesquisadora Lisa Flanagan, que há 12 anos cuida de uma população de caracol terrestre gigante, de uma espécie rara e ameaçada da Nova Zelândia, a Powelliphanta augusta.

“É notável que, em todo o tempo que passamos cuidando dos caracóis, esta seja a primeira vez que vimos um deles botar um ovo. Capturamos a ação enquanto pesávamos o caracol. Viramos ele para ser pesado e vimos o ovo começando a emergir”, contou ela.

O mais notável, entretanto, é que essa espécie de caracol coloca o ovo pelo pescoço. Kath Walker, cientista senior, que também trabalha no Departamento de Conservação da Nova Zelândia (DOC), diz que, por ter uma concha dura para se refugiar de predadores e condições corpóreas mais secas, essa espécie de caracol precisou desenvolver uma maneira diferente de se reproduzir.

“Os Powelliphanta resolveram isso criando uma abertura, um poro genital, no lado direito do corpo, logo abaixo da cabeça, para que o caracol só precise espreitar para fora da concha para fazer suas necessidades”, explica Kath. “Ele estende seu pênis para fora desse poro e para dentro do poro do seu parceiro, e este faz o mesmo, trocando esperma simultaneamente, que eles podem armazenar até fertilizar o esperma que receberam para criar óvulos.”

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Como são hermafroditas, esses caracóis têm genitália masculina e feminina, então, embora geralmente acasalem para fertilizar seus óvulos, “como carnívoros que precisam viver em densidades relativamente baixas, a capacidade de se autofecundar ocasionalmente deve ajudar na sobrevivência da espécie”, acrescenta.

Caracol raro é filmado, pela primeira vez, colocando ovo pelo pescoço
O caracol de Monte Augustus está classificado como em risco crítico de extinção
Foto: Kath Walker | New Zealand Department of Conservation, CC BY 4.0 via Wikimedia Commons

A população de caracóis do Monte Augustus que vive em cativeiro foi retirada de uma área que seria explorada por uma mineradora, em 2016. Desde então ela tem ajudado pesquisadores a entender melhor os hábitos e comportamento dessa espécie e ainda, servido para a reintrodução em outras regiões.

Esses moluscos têm desenvolvimento lento, mas uma vida longa. Em cativeiro podem viver entre 25 e 30 anos, mas só atingem a maturidade sexual aos oito. “A partir daí, eles põem apenas cerca de cinco ovos grandes por ano, que podem levar mais de um ano para eclodir”, afirma Kath.

Os caracóis de Monte Augustus estão entre os maiores do mundo, e só existem na Nova Zelândia. Alguns indivíduos chegam a ter o tamanho de uma bola de golfe.

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Foto de abertura: Lisa Flanagan | DOC

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