O cão labrador Shogun nasceu num canil da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Recife, Pernambuco, e, ainda muito novo, foi treinado para se especializar na busca por cadáveres. Afinal, vinha de uma família de especialistas: a mãe atuava em buscas por drogas e o pai por armas de fogo e explosivos.
Quando, há cinco anos – completados em 25 de janeiro – a barragem da Mina Córrego do Feijão, gerida pela mineradora Vale, em Brumadinho, Minas Gerais, rompeu, causando a morte de 272 pessoas, militares de diversas partes do país foram enviados para a região para auxiliar nas buscas pelos corpos arrastados e mergulhados na lama tóxica.
Shogun e seu condutor, o major Edson Ferraz, estavam entre eles. O labrador esteve três vezes na região e, em cada uma, passou 15 dias trabalhando no local da tragédia. Localizou 16 restos mortais em diferentes pontos, mas nenhum corpo inteiro.
Quando seu trabalho acabou – até hoje, não foram encontrados os corpos de três vítimas -, ele voltou à Paraíba até que, em 2022, foi aposentado com nove anos de idade. Em geral, cães farejadores são dispensados de suas atribuições com oito anos, mas devido à sua experiência, Shogun permaneceu por mais um tempo.
Em seguida, foi colocado para adoção pela corporação. E, por ter sido seu tutor e condutor, o major Edson teve prioridade na lista e não hesitou em ficar com ele.
“Minha relação com o Shogun sempre foi de muito companheirismo, amizade, é um cão muito fiel. Se não fosse ele, muitas coisas não teriam um desfecho. É importantíssimo o trabalho dele”, declarou Edson ao G1.
Finalmente, ele pode ter uma vida tranquila, de pet, ao lado de seu dono e família, integrando sua rotina. Mas, recentemente, ganhou uma nova atribuição, veja só!
Todos os dias ele acompanha Edson e sua esposa à clínica veterinária (foto de destaque) que ela mantém na zona sul de Campina Grande, e recepciona os clientes – pets e seus donos – com muito carinho.
“Brincamos dizendo que Shogun é recepcionista da clínica”, conta Edson, “Todos são apaixonados por ele, que ama ficar no ar-condicionado da recepção”.
Como qualquer outro animal, o labrador recebe cuidados que garantam sua saúde como acompanhamento veterinário, alimentação adequada, suplementação, vacinas, exames, além de cuidados indicados para sua idade: está com 11 anos!
Mas, mesmo idoso, o labrador tem muita energia e, por isso, também faz um treinamento diário – de obediência e de faro -, para que mantenha a energia mental, sempre respeitando seus limites. Afinal, agora, ele é um senhor aposentado.
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Fonte: G1, Estado de Minas
Foto (destaque): arquivo pessoal/Edson Ferraz
