Os tempos são definitivamente outros. Se no passado o ser humano precisava matar animais para fazer vestimentas e assim, sobreviver ao frio, hoje em dia as coisas são diferentes. Não estamos mais na época das cavernas e há um sem número de novas tecnologias e materiais que podem substituir o uso de peles e penas de animais na confecção de roupas.
Mas a marca Canada Goose continua utilizando esse tipo de matéria-prima para fabricar seus produtos. São casacos e jaquetas que têm capuzes de pele de coiotes (da família dos canídeos, faz lembrar um lobo ou cachorro selvagem) e penas de ganso e pato como isolante térmico.
O que organizações de direitos animais, como a PETA, denunciam é que esses bichos são mortos de maneira cruel e com muito sofrimento. Em um vídeo gravado pela entidade, que você assiste ao final deste texto, imagens mostram que presos em armadilhas, os coiotes ficam dias, sangrando, desidratados, com dor, até morrerem. Já as penas de ganso usadas são aquelas mais próximas ao corpo da ave. Muitas vezes, são retiradas com elas ainda vivas.
Segundo a PETA, 80% das penas compradas pela indústria da moda vem da China, onde a “produção” desse “produto” é feita de maneira brutal.
Ganso ferido pela retirada das penas
Um número cada vez maior de celebridades já aderiu à campanha da PETA, que chama a atenção das pessoas sobre toda essa crueldade desnecessária e pede ainda, que os consumidores não comprem as roupas da Canada Goose.
A empresa se defende afirmando que “dá um tratamento humano, na vida e na morte dos animais, e que os usa de forma ética e responsável”. Difícil de acreditar…
Recentemente, durante a abertura de uma nova loja da marca, em Londres, na famosa Regent Street, protestantes fizeram muito barulho e se fantasiaram como animais feridos.
Coiote todo ensanguentado e com a pata presa em uma armadilha
Protesto em frente à nova loja da marca em Londres
E esse não é o único revés da marca canadense. Além da pressão sobre o uso bárbaro de animais, seus preços também estão sendo questionados. Uma escola de ensino médio da Inglaterra proibiu seus alunos de usarem casacos da Canada Goose. Para os educadores, o valor pago pelas peças é simplesmente exorbitante – uma jaqueta pode chegar a até 1 mil libras, quase 5 mil reais – e estimula o “poverty shaming ”, ou seja, a sensação entre os jovens de que alguns devem sentir vergonha por serem mais pobres e não terem condições de bancar uma roupa tão cara… Ou melhor, ridiculamente cara.
Além da Canada Goose, depois de ouvir alunos e pais, o diretor da Woodchurch High School, em Wirral, baniu também as marcas de luxo Moncler e Pyrenex.
Abaixo, os vídeos da PETA que mostram como os animais são mortos pelos fornecedores da Canada Goose. As imagens são fortes:
Fotos: divulgação PETA
Uso de pele e produtos de animais ainda identificam o ser humano bárbaro mascarado de civilização, que se considera com direitos sobre as demais espécies, inclusive a dele, ultrapassando os limites da convivência pacífica que nos deveria nortear, a todos. Laboratórios de vivissecção consideram cobaias a espécie inferior contra a qual vale tudo, até mesmo matá-la, torturando-a lentamente antes, sob a alegação pueril de estar contribuindo para a Ciência (contra a vontade dela, claro). Muito promissores estes movimentos à favor da ética, defendendo animais e sua integridade, o que já demonstra que novas luzes no horizonte chegam para amanhecer. No entanto há que se lembrar, também, a exploração à guisa de divertimento, as touradas, rinhas, zoos, aquários, farra do boi , touro júbilo e caçadas, onde a espécie humana se faz presente com seus apetrechos dantescos em shows de psicopatias coletivas e sadismos inimagináveis, quando tudo pode, se quem sofre é o outro, aquele que ninguém defende e que todos aplaudem quando sente dor ou chora. Também nos matadouros, onde animais agonizam afogados no mar do próprio sangue, porque empregados “precisam” ganhar o sustento da família e as famílias precisam fazer seu churrasco sagrado, não importa a origem daquela carne carimbada de “saudável”. Ainda somos quem somos e seremos quem não deveríamos ser, enquanto não formos quem salva, quem protege e quem ama não apenas “nosso gato que parece gente” e “nosso totó que só falta falar” mas igualmente aqueles outros animais que estão “longe dos olhos e longe do coração”, por isso não escutamos quando pedem socorro, mas continuamos cúmplices quando machucam ou matam eles.