Com cores fortes e muita ação, “Tito e os Pássaros” usa pintura a óleo, desenho digital e animação gráfica para contar a história de um menino e seus amigos que precisam entender a linguagem dos pássaros para salvar o mundo de uma doença que está contaminando a todos: o medo.
Escrito e dirigido por Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar e André Catoto Dias, o filme acaba de ser indicado ao Annie Awards, considerado um “Oscar” desse meio. A produção concorre na categoria “Melhor Animação Independente”.
“Tito é um menino tímido de 10 anos que mora com a mãe, superprotetora. Quando uma epidemia incomum começa a se espalhar, tornando as pessoas doentes sempre que ficam assustadas, o garoto descobre que a cura está, de algum modo, relacionada à pesquisa do pai, desaparecido, sobre a música dos pássaros”, resume o site da animação.
“O tema central do filme é o medo, a forma como ele vem se espalhando pelo mundo como se fosse uma doença, e isso não tem sido suficiente debatido pela sociedade, que geralmente mantém as crianças fora dessa discussão” explicou Gabriel Bitar, em entrevista ao Conexão Planeta. “Mesmo tendo um foco infantil, procuramos não infantilizar e tratar dessa questão de forma séria, mas como é uma animação de aventura, com um ritmo bem acelerado, esses assuntos são absorvidos sem problemas ao longo da história. Com um som bem alto e a música da orquestra, as imagens distorcidas oferecem uma verdadeira experiência para o espectador, principalmente em uma tela grande de cinema”, destaca.
Segundo os diretores, quando o filme começou a ser rodado, em 2011 (ele levou sete anos para ser finalizado), o tema medo talvez não fosse tão óbvio quanto hoje em dia, mas ultimamente, por uma variável de diferentes razões, sobretudo, a desigualdade e a intolerância, ele ficou mais real na vida das pessoas.
Já André Catoto revela que o expressionismo alemão inspirou diretamente a estética do filme, através do trabalho de artistas como George Grosz e Karl Schmidt-Rottluff , além do cinema expressionista, “que distorce o cenário e os personagens, o que me fez olhar para a maquiagem utilizada para gerar estas distorções, especialmente em torno dos olhos, que transmitem um leve desconforto, entre o cansaço e o medo. Durante a elaboração do filme, testamos muitas versões dos personagens, mas uma coisa que nós nunca mudamos foram os olhos muito redondos, porque eles são parte da história – tudo começa com eles”.
“Tito e os Pássaros” foi eleito o Melhor Longa Infantil no Anima Mundi, em 2018. A animação também já participou de diversos festivais internacionais, entre eles, o Annecy e o Toronto International Film Festival. A produção brasileira está ainda entre os 25 pré-indicados ao Oscar, na categoria Animação. Os selecionados só serão anunciados em janeiro.
“O filme tem sido muito bem recebido nos festivais por onde passei, muito admirado pelas crianças. Por conta da estética diferente da tinta óleo e temas mais complexos no subtexto, ele acaba por entreter também o grande público que geralmente frequenta os festivais, formado por muitos jovens, adultos e idosos”, conta Bitar.
No Annie Awards, o filme brasileiro concorre agora com “Ce magnifique gâteau!” (Bélgica/França/Holanda), “Mutafakaz” (França/Japão), “Mirai no Mirai” (Japão) e “Ruben Brandt, Collector” (Hungria). Os vencedores serão anunciados em 2 de fevereiro.
Imagens: divulgação