Para celebrar este Dia Mundial da Alimentação, comemorado anualmente em 16 de outubro, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) homenageou pessoas e organizações do mundo inteiro que “estão ajudando a concretizar o direito à alimentação para todos, nutrindo nossas comunidades e fazendo uma mudança positiva, mesmo em circunstâncias desafiadoras”, com a entrega do prêmio Food Heroes 2024 – Heróis da Alimentação 2024, em Roma. E entre os 26 agraciados com o título está o chef e pesquisador brasileiro Ricardo Frugoli, criador do projeto Pão do Povo da Rua.
O paulistano, fundador do Instituto de Pesquisa da Cozinha e da Cultura Brasileiras (IPCB), sempre trabalhou na área social. Desde 2015 prepara ceias solidárias de Natal para a população em situação de rua de várias cidades brasileiras. Mas foi durante a pandemia da covid, em 2020, que ele foi instigado a lançar a iniciativa. Por ter diabetes, ele se manteve completamente isolado, mas um aluno o questionou se ele não iria fazer nada.
Frugoli já tinha perdido vários amigos para a doença e viu como as pessoas que viviam nas ruas estavam sendo gravemente afetadas pela crise sanitária, buscando comida em meio ao lixo. No começo, distribuía marmitas na porta da própria casa, mas foi quando recebeu a doação de um equipamento industrial de panificação é que surgiu a ideia para o Pão do Povo da Rua.
Todos os dias a equipe do projeto oferece dois pedaços de pão, um bolo doce e um copo de leite de chocolate para pessoas que vivem nas ruas. A receita do pão foi desenvolvida especialmente para essa finalidade, com ingredientes que o fazem ser quatro vezes mais nutritivos que similares (na massa vai cacau, garantindo nutrientes e energia a mais) e também, mais macio, pois muitos dos atendidos têm problemas dentários.
Desde seu início até abril de 2024, o Pão do Povo da Rua conseguiu atingir a marca de 2 milhões de atendimentos.
“Surreal! Eu jamais pensei estar em Roma para ser homenageado pela FAO/ONU no Dia Mundial da Alimentação”, escreveu Frugoli em seu perfil no Instagram. “Quando comecei a cozinhar na cozinha de nossa casa em abril de 2020 não esperava nada além de cumprir meu dever perante a crise humanitária que aflorava em São Paulo. Muito grato pelo Food Hero!”
Oportunidade de uma nova vida
Outro foco importante do Pão do Povo da Rua é oferecer novas oportunidades para aqueles envolvidos no projeto. Através de capacitação na área de panificação, essas pessoas podem conseguir emprego junto da equipe de Frugoli, mas também, em outros estabelecimentos.
Todos os participantes contam com bolsa-auxílio/salário, moradia, acompanhamento médico, psiquiátrico, psicológico, odontológico e de assistência social.
Atualmente a organização conta com um time de 80 pessoas, responsáveis pela produção dos pães e bolos, treinamento e administração do projeto.
“É lindo ver que pessoas que antes estavam nas ruas agora estão recuperadas por meio de treinamento profissional em panificação”, celebra Frugoli, “e que hoje as pessoas estão comendo pão feito por quem antes morava na rua.”
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Foto de abertura: acervo Pão do Povo da Rua / divulgação FAO
Sensacional, projeto lindo. Merecido reconhecimento mundial. Parabéns