Em quase dois anos (desde o início de 2023), o Brasil passou por importante recuperação das políticas de vacinação e conseguiu sair da lista de países com um dos mais elevados índices de crianças sem qualquer imunização, reconquistando o posto de um dos países com maior cobertura vacinal do mundo.
A conquista foi celebrada ontem (12), quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Nísia Trindade, ministra da Saúde, receberam de Jarbas Barbosa, diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e diretor regional da Organização Mundial de Saúde(OMS) para as Américas, o certificado da eliminação do sarampo, rubéola e síndrome da rubéola congênita.
“A vacina é um promotor de equidade, as vacinas que recebem as crianças pobres são as mesmas que recebem as crianças ricas”, destacou Barbosa na ocasião, relembrando o gesto do presidente Lula de se vacinar – contra a Covid-19 – logo no início do atual mandato, dando início à retomada das campanhas de vacinação nacionais.
“Este diploma é resultado da força da retomada e da competência do sistema de vacinação brasileiro”, destacou o presidente.
Para a ministra Nísia, esse reconhecimento “reflete o movimento nacional de gestores, da comunidade científica, da vigilância em saúde e do parlamento, todos empenhados em fortalecer a vacinação e a saúde pública. Esse reconhecimento é uma conquista coordenada pelo governo federal, mas resultado do esforço conjunto de muitas frentes e do nosso SUS – Sistema Único de Saúde”.
E completou: “Este é um momento importante para reforçar o papel do nosso Programa Nacional de Imunizações e de toda a competência técnica espalhada pelo Brasil. Nossa câmara técnica tem trabalhado com comprometimento e dedicação para o fortalecimento do SUS. É uma vitória do Brasil, do povo brasileiro e de cada vacinador e pessoa vacinada, assim como daqueles que infelizmente não tiveram acesso à vacina quando precisaram. Que este dia represente uma conquista e um desafio permanente, do qual não abriremos mão. A saúde exige cuidado, paciência e compromisso com a nossa população”.
Durante a cerimônia, a OPAS e o Ministério da Saúde reconheceram os esforços do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), do Conselho Nacional de Saúde (CNS), da Câmara Técnica Nacional de Especialistas para a Interrupção da Circulação do Sarampo e Sustentabilidade da Eliminação da Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita no Brasil, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da Frente Parlamentar em Defesa da Vacina, entre outras instituições e entidades que articularam, executaram e apoiaram as ações para o alcance do status de país livre do sarampo.
Por fim, a ministra destacou as atividades previstas para 23/11, Dia Nacional do Combate à Dengue.
A seguir, reproduzo trecho do texto divulgado pelo Ministério da Saúde.
Processo de recertificação
Devido às baixas coberturas vacinais e ao intenso fluxo migratório de países vizinhos, em 2018 (governo Temer) ocorreu a reintrodução do sarampo no país.
Em 2019, após um ano de franca circulação do vírus em território brasileiro com mesmo genótipo (D8), o país voltou a se tornar endêmico para a doença. Foram confirmados 39.779 casos – e 40 mortes de crianças – entre 2018 e 2022.
No início de 2023, com a valorização do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e o lançamento do Movimento Nacional pela Vacinação, as ações de eliminação do sarampo no Brasil foram intensificadas. E, em novembro desse ano, o país já demonstrou avanços e evidências documentadas.
Com isso, a Comissão Regional de Monitoramento e Reverificação da Eliminação do Sarampo, Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) na região das Américas – grupo independente de especialistas convocado por OPAS/OMS – categorizou o Brasil como “país pendente de reverificação”.
Para cumprir os critérios de reverificação, o Brasil precisou demonstrar que não houve transmissão do vírus do sarampo durante pelo menos um ano, além de ter fortalecido o programa de vacinação de rotina, a vigilância epidemiológica e a resposta rápida a casos importados.
Com a conquista do Brasil, as Américas recuperam o status de região livre de sarampo endêmico. De qualquer modo, o Ministério da Saúde e a OPAS/OMS enfatizam que é essencial continuar fortalecendo os programas de vacinação, aumentar a cobertura até alcançar níveis adequados, reforçar os sistemas de vigilância e melhorar a capacidade dos sistemas de saúde para responder rapidamente a possíveis casos importados.
Vacina Tríplice Viral
Para prevenir casos graves e óbitos causados por sarampo, o Ministério da Saúde reforça a importância da vacinação, adotando diversas ações para incentivar a imunização em todo o país.
Em 2023, 13 dos 16 imunizantes do calendário nacional tiveram aumento na cobertura vacinal, incluindo a vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. A cobertura da primeira dose passou de 80,7% em 2022 para 88,4% em 2023, e em 2024, até o momento, já chegou a 92,3%.
A tríplice viral é recomendada em duas doses para pessoas de 12 meses a 29 anos e em dose única para adultos de 30 a 59 anos. Essa vacina é essencial para prevenir doenças altamente contagiosas que, no passado, causaram epidemias e graves consequências à saúde pública.
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Foto: Agência Brasil/arquivo
Com informações do Ministério da Saúde