Depois do celebrado discurso na abertura da 78ª Assembleia da ONU, em Nova York, ontem, o presidente Lula continuou se encontrando com outros líderes. Hoje, a agenda incluía conversas com Joe Biden (EUA) – sobre meio ambiente e trabalho – e Volodymyr Zelensky (Ucrânia), além de Tedros Adhanom Ghrebreyesus, diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Logo após a reunião com Biden, os dois presidentes lançaram a Iniciativa Global Lula-Biden para o Avanço dos Direitos Trabalhistas na Economia do Século XXI, parceria que visa fortalecer direitos trabalhistas nos dois países.
“O trabalho está precarizado, o salário está aviltado, cada vez mais os trabalhadores trabalham mais e ganham menos”, destacou Lula.
“É a primeira vez, em mais de 500 anos da história do Brasil, que sentamos com o presidente da República americano, em igualdade de condições, para discutir um problema crônico, que é a questão da precarização do mundo do trabalho”, continuou.
De acordo com ele, a iniciativa vai apontar para a sociedade e para a juventude a oportunidade de alcançar um trabalho que permita viver dignamente.
Entre as diretrizes da parceria, o governo brasileiro cita a necessidade de “ampliar o conhecimento público sobre os direitos trabalhistas e oferecer oportunidades para que todos se capacitem para defender seus direitos”.
A medida tem por objetivo estreitar a cooperação entre governos, centrais sindicais e a OIT (Organização Internacional do Trabalho), agência da ONU, a fim de estimular empregos de qualidade e proteção, de todos os trabalhadores e trabalhadoras.
As formas de trabalho dependentes das plataformas digitais são mencionadas como o tópico que terá mais foco na proteção aos direitos dos trabalhadores.
A parceria ainda contempla a interligação com a crise climática a fim de garantir que “a transição para fontes limpas de energia proporcione oportunidades de bons empregos para todos e todas”.
A iniciativa é compatível com o compromisso do presidente Lula em relação à geração de emprego com base na garantia de direitos aos trabalhadores e trabalhadoras, para promover um desenvolvimento econômico e social, sustentável e equitativo.
Assim, será possível valorizar o papel dos trabalhadores e dos sindicatos no fortalecimento da democracia.
Biden é um dos políticos democratas mais próximos do sindicalismo, que é a origem política de Lula. A ideia da parceria nesse âmbito já havia sido anunciada em agosto, em telefonema entre os dois.
E a intenção é envolver outros países e parceiros globais na parceria, que poderá chegar ao âmbito do G20, de acordo com Lula, que assumirá sua presidência em 1 de dezembro.
Lula e Biden, juntos
Depois de uma série de atropelos, o lançamento da parceria hoje representa um resgate da relação entre os dois líderes.
Segundo a BBC News Brasil, um dos auxiliares de Lula (envolvido diretamente no projeto) declarou in-off que “a sacada não está em algo escrito no documento, está no fato de que Brasil e EUA estão liderando isso juntos, que Lula e Biden construíram algo novo em conjunto”.
Foto: Ricardo Stuckert/PR
Fontes: Agência Brasil, BBC News Brasil