
Estão abertas até 9 de fevereiro as inscrições para o BioCidades Empreendedoras, programa de incubação de negócios desenvolvido desde 2020 pelo PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e pela organização Bridge for Billions.
A iniciativa internacional (Restoration Factory – implementada em oito países) chega à segunda edição no Brasil, com o apoio do governo alemão.
E, este ano, será implementada pelo Instituto Legado de Empreendedorismo Social, com o apoio de parcerias estratégicas com a Prefeitura de São Paulo e a Prefeitura de Curitiba, por intermédio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho e da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, respectivamente (no final deste post, destaco projetos recentes dos governos das duas cidades). E ainda contará com apoio técnico da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e do ICE – Instituto de Cidadania Empresarial.
Nesta edição, serão apoiados 50 negócios com foco na restauração de ecossistemas urbanos, fortalecimento da bioeconomia e promoção de soluções para a resiliência climática em regiões de São Paulo e Curitiba que, juntas, somam quase 100 bilhões de reais do PIB (Produto Interno Bruto), segundo o IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Para James Marins, presidente e fundador do Instituto Legado, “esta é uma iniciativa que potencializa o papel do empreendedorismo social como resposta integrada às crises climáticas no contexto urbano. Por meio de metodologia robusta, que combina mentoria técnica e formação empreendedora, buscamos preparar os participantes não só para o desenvolvimento de seus modelos de negócios sustentáveis, mas, também, transformar setores produtivos estratégicos, fortalecendo cadeias de valor que gerem impactos positivos para a sociedade e o meio ambiente”.
Desenvolvimento + Conservação
Com duração de seis meses, o programa vai oferecer mentorias com especialistas e uma formação integral em áreas estratégicas para o desenvolvimento de negócios sustentáveis.
Durante o processo de incubação, os participantes terão acesso a ferramentas práticas para estruturar seus modelos de negócio, validar a viabilidade de suas propostas e criar redes de colaboração com investidores, lideranças do setor privado e outras organizações.
Além de apoiar a viabilidade comercial dos negócios, o objetivo é estimular o protagonismo de soluções que promovam um equilíbrio entre desenvolvimento econômico e conservação de ecossistemas.
Quem pode participar
Podem se inscrever empreendedores que lideram negócios em estágio inicial, primeiras vendas, com processo de validação e início de operação com atuação em São Paulo e Curitiba (incluindo regiões metropolitanas) e que tenham foco em resiliência climática urbana, ou seja, a capacidade de uma cidade de se adaptar e responder de forma eficaz aos desafios causados pelas mudanças climáticas, como enchentes, aumento das temperaturas, poluição do ar ou escassez de recursos, garantindo qualidade de vida para as pessoas que vivem nela.
Além disso, os candidatos devem demonstrar potencial para desenvolver soluções inovadoras e escaláveis, que contribuam para a resiliência climática urbana e o fortalecimento socioeconômico das comunidades locais.
Informações e inscrições (até 9 de fevereiro) no site oficial do programa.
Prefeituras inimigas do meio ambiente?
Interessante notar que, desde o ano passado (pós-eleições) as duas cidades escolhidas para abrigar o programa BioCidades têm se destacado nas manchetes de jornais, sites, TV e redes sociais devido aos projetos anti-ambientais de suas prefeituras.
Na capital paulista, o governo de Ricardo Nunes resgatou projeto antigo – sem atualização – para construir um túnel na Avenida Sena Madureira. Para tanto, está derrubando árvores numa Área de Proteção Permanente (APP) – um crime ambiental! – além de desalojar uma comunidade instalada no local há anos – um ataque social!
Pra se ter ideia da dimensão do estrago, é só acompanhar o perfil Salve a Sena Madureira, no Instagram. A foto abaixo é da cobertura da obra que o movimento tem realizado.

movimento ‘Salve a Sena Madureira’
Além disso, Nunes conseguiu aprovar na Câmara Municipal de São Paulo projeto que amplia aterro sanitário na zona leste da cidade, a partir do corte de 10 mil árvores! Ou seja, é um prefeito comprometido em atuar na contramão do combate às mudanças climáticas e da preservação ambiental. Por que não concentra esforços em ampliar programas de reciclagem, neste caso?
Já na capital paranaense – que sempre foi considerada uma cidade exemplo para o mundo por seus projetos de mobilidade urbana e pela grande oferta de parques e áreas verdes para a população; que saudades de Jaime Lerner! – o prefeito Eduardo Pimentel aprovou projeto que prevê a derrubada de mais de 600 árvores no Parque Linear da Avenida Presidente Arthur Bernardes, que ontem foi bastante afetada pelas chuvas.

Foto: Gustavo Jordaky
Trata-se de outro crime ambiental – ainda mais nestes tempos de crise climática – justificado pela construção de um miniterminal de transporte público na região, com acesso a mais linhas de ônibus e a implementação de faixas exclusivas para esses veículos. O projeto vai impermeabilizar mais de 12 mil m2, apenas em um dos lotes do parque.
Em São Paulo e Curitiba infelizmente os últimos prefeitos têm priorizado obras e carros em detrimento da vegetação e do bem-estar de suas populações, num momento em que as cidades deveriam se tornar inteligentes e resilientes às mudanças climáticas. Não sabem equilibrar desenvolvimento e conservação.
Não servem de modelo para nenhuma outra cidade brasileira, muito menos de outros países, como foram no passado. Talvez por isso necessitem tanto de um programa como o BioCidades Empreendedoras a fim de que seus cidadãos empreendedores ajudem a minimizar o impacto negativo de seus gestores, aos quais falta visão de presente e de futuro.
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Fotos (destaque): Joel Fotos / Pixabay (São Paulo) e Felipe Versati / Pixabay (Curitiba)