A Alemanha é um dos países que mais investem em mobilidade sustentável no mundo, com foco na luta contra as mudanças climáticas. Já divulgamos inúmeros projetos bacanas aqui, no Conexão Planeta (que listo no final deste texto). E, desde 2015, a cidade de Berlim tem um projeto inovador de ciclovia, que começou a “ganhar corpo” quando a cidade recebeu concessão do programa de ciclovias de Maryland. Isso foi no final de 2016.
Para receber o financiamento, o projeto teria que ser de uso misto, executado ao longo (e abaixo da estrutura) de um trilho de metrô, ou melhor, do primeiro metrô da cidade – e o quinto da Europa -, construído em 1902!
Desde então, a ciclovia Radbanh, como é chamada, está sendo projetada minuciosamente por um escritório especializado que reúne urbanistas, designers, geógrafos e arquitetos. O projeto tem o apoio da prefeitura, mas, no início, ele também recebeu o apoio financeiro de cidadãos simpatizantes do ciclismo, da humanização das cidades e da vida saudável.
Ainda falta 40% do design para que a ideia comece a sair do papel. Para a prefeita, Gee Williams, essa é a ‘velocidade’ perfeita para viabilizar cada detalhe. No site do projeto, ela justifica: “Quando o design estiver 100% pronto, tudo terá sido detalhadamente estudado e, dali pra frente, tudo se encaixará perfeitamente”.
O diretor de planejamento de Berlim, Engelhart, disse que o projeto deverá estar concluído em maio próximo E, aí, sim, poderá se inscrever no próximo ciclo de doações para fundos de construção. Por isso, também, os profissionais que desenvolvem o projeto escreveram um livro de 140 páginas para mostrar a viabilidade da ciclovia e divulgar sua implementação.
A ideia da nova ciclovia é ocupar e revitalizar a parte de baixo da linha do metrô, sempre escura e sem muita segurança, mas não só com bicicletas. O espaço também será de quem anda a pé. A área disponível para a obra favorece essa intenção: geralmente, as ciclovias têm 10 pés de largura (o que equivale a 3,4 metros); esta tem 33 (ou cerca de 10 metros).
De acordo com o escritório que toca o projeto, diversos recursos sociais e tecnológicos serão utilizados para criar espaços urbanos mais ecológicos e amigáveis. Para tanto, o projeto não só contempla cafés e lojas de serviços – boa parte para atender os ciclistas – como também hortas comunitárias ao longo do trajeto. Deverá ser, por isso, um lugar de encontro, de interação social. Além disso, com o atrito dos pneus no piso, os ciclistas produzirão energia que será utilizada para iluminar o trajeto, manter os semáforos acesos em toda a ciclovia e também “alimentar” as lojas.
“Estamos convencidos de que existe uma grande oportunidade na crescente urbanização de Berlim. Se conseguirmos fazer os investimentos certos na cidade, isso não apenas tornará nosso dia-a-dia mais habitável, mas também atenderá os enormes desafios globais“, dizem os arquitetos e urbanistas da Radbanh. A revitalização da ciclovia é um desses investimentos.
Sua localização oferece tudo que Berlim tem de melhor e pior: o caos diário, ao mesmo tempo que locais de descanso e desaceleração, espaços mais estreitos e outros mais largos, a natureza idílica de um lado e o concreto, de outro. Um convite para sair de casa e usufruir e ocupar o espaço público, o que irá melhorar a segurança também.
A reforma será feita em três fases: primeiro, na parte do centro da cidade, depois na parte sul dos trilhos e, finalmente, na parte norte.
Agora, veja como está a ciclovia e como ela ficará. Depois do vídeo, veja a lista de notícias sobre projetos de mobilidade na Alemanha, que selecionei. É muita inspiração!
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Imagens: Divulgação