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Avistada do espaço, onda gigantesca de sargaço, com mais de 8 mil km de extensão, ruma para Caribe e Flórida

Avistada do espaço, onda gigantesca de sargaço, com mais de 8 mil km de extensão, ruma para o Caribe e a Flórida

Esse já é um fenômeno registrado há mais de uma década no Oceano Atlântico, sobretudo na região do Caribe e do sul da Flórida, nos Estados Unidos. No lugar da água cristalina, o que se vê são tapetes imensos marrons de sargaço, uma alga marrom flutuante, que viaja com correntes marinhas e, que quando chega à areia e morre, libera o sulfeto de hidrogênio, que emite um cheiro horrível, que faz lembrar o de ovo podre.

Em 2011, os países caribenhos enfrentaram a primeira, e o que então chamavam de uma invasão “sem precedentes” de sargaço em suas praias. Sete anos mais tarde, em 2018, conforme escrevi nesta outra reportagem, o governo de Barbados declarou emergência nacional. O mar de algas também chegou à Riviera Maya e a Cancún, no México, e a Porto Rico, Guadalupe, Antígua, Bonaire e a Flórida. Alguns resorts caribenhos foram obrigados a ficar fechados porque era simplesmente impossível nadar no mar.

Mas até então não se viu nada comparado ao que se espera que aconteça agora, em 2023. Imagens de satélite documentaram uma onda gigantesca de sargaço, com peso estimado de 6 milhões de toneladas e mais de 8 mil km de extensão, o dobro da distância entre as costas leste e oeste dos Estados Unidos, que está se movendo da África Ocidental em direção ao Golfo do México.

Segundo especialistas, moradores desses locais devem começar a ver o acúmulo anormal de sargaço nas praias a partir deste mês de março até outubro, o que inclui, justamente, a estação de verão no Hemisfério Norte.

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Avistada do espaço, onda gigantesca de sargaço, com mais de 8 mil km de extensão, ruma para o Caribe e a Flórida

Montanha de sargaço acumulada numa praia de Tobago, em 2015
(Foto: rjsinenomine/creative commons/flickr)

Desde que essas ondas de sargaço se tornaram mais frequentes, elas começaram a ser monitoradas ano a ano e o que se tem percebido é que elas têm ficado maiores. Entre as hipóteses levantadas para o aparecimento cada vez mais regular da alga estão o aumento da temperatura dos oceanos causado pelo aquecimento global e a maior presença de nutrientes na água do mar graças à atividade humana, como por exemplo, o descarte em rios de fertilizantes ricos em nitrogênio e fósforo, usados na agricultura.

A alga, em si, é inofensiva. Não é tóxica. Mas pode causar outros transtornos ambientais, como sufocar ninhos de tartarugas marinhas e liberar matéria orgânica em ecossistemas costeiros, desequilibrando a fauna e a flora desses lugares. Também quando se acumula em grandes quantidades, suga todo o oxigênio da água, criando o que cientistas chamam de “zonas mortas”.

“Isso pode acontecer em habitats de berçário para a pesca… E uma vez que eles são desprovidos de oxigênio, perdemos esse habitat”, explicou Brian Lapointe, pesquisador do Instituto Oceanográfico Harbor Branch da Universidade de Atlantic Florida, em entrevista a CNN Internacional.

Avistada do espaço, onda gigantesca de sargaço, com mais de 8 mil km de extensão, ruma para o Caribe e a Flórida

Imagem de satélite mostra a rota percorrida pelo sargaço entre costa leste da África e o Atlântico
(Foto: Mengqiu Wang and Chuanmin Hu, USF College of Marine Science, via Wikimedia Commons)

Além disso, o impacto sobre o turismo é enorme. O sargaço vai se acumulando na areia e na parte mais rasa da água, impedindo com que banhistas possam entrar no mar. Hoteis e resorts precisam contratar funcionários extras para poder fazer a retirada das algas todos os dias, entretanto, muitas vezes o trabalho não consegue ser feito manualmente e é necessário o uso de tratores. Estimativas do condado de Miami-Dade, na Flórida, apontam um gasto anual de milhões de dólares para a limpeza.

O sulfeto de hidrogênio também provoca irritação nos olhos, dor de cabeça e náusea.

“Este é um fenômeno oceanográfico inteiramente novo que está criando um problema – realmente um problema catastrófico – para o turismo na região do Caribe”, diz Lapointe.

Segundo o cientista, o volume de algas avistado em janeiro de 2022 é o maior observado na última década.

Avistada do espaço, onda gigantesca de sargaço, com mais de 8 mil km de extensão, ruma para o Caribe e a Flórida

Praia de Porto Rico com algas na areia: o “novo normal” na última década
(Foto: G. Edward Johnson, CC BY 4.0, via Wikimedia Commons)

*Com informações adicionais dos sites Phys.org e G1

Foto de abertura: Mark Yokoyama/Creative Commons/Flickr

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