A metrópole nasceu em berço de Mata Atlântica, Cerrado e araucárias. Cresceu e substituiu sua biodiversidade por plantas estrangeiras. Por isso, procurar plantar árvores nativas é resgatar o equilíbrio ecológico, diminuir a manutenção, trazer mais água para a região, obter o melhor desenvolvimento das plantas, atrair mais fauna e ensinar as pessoas sobre o nosso maior patrimônio: a natureza.
Assim, para celebrar o Dia da Árvore, 21/9, o blog traz uma seleção de espécies que são fundamentais em projetos de arborização e paisagismo em São Paulo. Todas são nativas do território paulista e estão classificadas de acordo com a largura das calçadas. Ainda ha indicações para parques e praças.
Para calçadas estreitas
Pitangueira (Eugenia uniflora)
Árvore frutífera de até 4 metros, tem madeira resistente, e vira um buquê branco em setembro, ficando depois carregada de pequenos frutos que fazem a festa da passarada e das pessoas.
Palmito jussara (Euterpe edulis)
Ideal para lugares de meia-sombra, é a planta-mãe da Mata Atlântica, que alimenta inúmeros bichos desse bioma. É muito elegante, mas infelizmente está em processo de extinção.
Ipê amarelo (Handroanthus ochraceae) – na foto acima
Cresce até 4 metros nas condições urbanas oferecidas por São Paulo e fica totalmente florido em agosto. Sua madeira é dura e resistente.
Para calçadas médias
Cambuci (Campomanesia phaea)
Árvore símbolo da cidade que, hoje, está quase extinta. Já foi comum a ponto de nomear um bairro e um rio. Dá frutos muito saborosos, tem madeira resistente e forma elegante. Na cidade, sua altura média pode chegar a 4 metros e o tronco medir 25 cm de diâmetro.
Inga (Inga sp.) – na foto ao lado
Árvore frutífera que, há muito tempo atrás, recobria as margens dos rios paulistanos. Cresce rápido e é muito ornamental.
Tarumã do cerrado (Vitex polygama)
Árvore escultural que produz frutos comestíveis semelhantes a uma azeitona preta. Muito rara, hoje.
Para calçadas largas
Copaíba (Copaifera langsdorffii)
Árvore belíssima (é a que ilustra este texto), de copa ampla e arejada e madeira resistente, com folhas médias e frutos pequenos apreciados pelos pássaros. Pode viver mais de dois séculos.
Jacarandá-paulista (Machaerium villosum)
Árvore de crescimento rápido e copa ampla, com raízes profundas. Muito bonita.
Para praças e parques
Araucária (Araucaria angustifolia)
Espécie extinta na forma nativa na cidade. É escultural e emblemática, cresce rápido e a sol pleno.
Figueira-brava (Ficus organensis, Ficus insipida, Ficus enormis, Ficus gomelleira, Ficus guaranitica, entre outras espécies nativas com esse nome popular) – na foto ao lado
É a árvore-monumento da flora paulistana. Dura séculos, por isso, plantá-las é deixar um legado para as próximas gerações. Tem muitas espécies nativas, como indiquei acima, sendo que a Ficus organensis é a mais indicada para plantio urbano. Algumas espécies crescem em frestas de muros, onde podem ser removidas com cuidado e plantadas em recipientes de mudas para depois serem plantadas nas praças e parques da cidade.
Jequitibá-branco (Cariniana estrellensis)
Árvore-rei da floresta paulistana, dura séculos e forma uma enorme e bela copa. Muito rara, atualmente.
Dicas de plantio
Para escolher bem uma árvore para o plantio, sida este passo a passo:
– atente para o espaço e as interferências próximas,
– abra um berço quadrado de, no mínimo, 50cm x 50cm x 50cm,
– encha o fundo de água antes de colocar a muda com terra bem adubada,
– deixe o nível da muda alguns dedos abaixo da calçada e sem mureta para que ela possa receber água da chuva e nutrientes.
– em seguida, espalhe matéria orgânica seca em volta da muda para evitar ressecamento e
– coloque um tutor amarrado suavemente com cordinha degradável.
Para sobreviver, é importante que a muda tenha, no mínimo, 1,5 metros de altura.
É sempre bom ter à mão um bom guia como o Manual de Arborização da Prefeitura de São Paulo.
E, para adquirir mudas de qualidade, faço algumas sugestões abaixo:
– Fábrica de Árvores
– Viveiro Legado das Águas/Votorantim
– Tropical Plantas
– Ceagesp
– Bioflora
– Sítio Raio de Sol
– Trees.com
– Casa da Árvore
Bom plantio!
Foto: Ricardo Cardim
Ricardo, ao plantar os ingás deve-se tomar cuidado para que eles não sejam de espécies que “desgalham” baixo, como o da foto, abrindo um diâmetro de copa a uma altura baixa, menor que 2,5 metros, em particular em calçadas com menos de 3 metros de largura, ou teremos problemas com a circulação de veículos e pedestres …