Já é quase consenso: a maioria dos países do mundo concorda que o aquecimento deve ser limitado a 2ºC para evitar danos irreversíveis das mudanças climáticas. No entanto, as nações divergem sobre o que é preciso fazer para alcançar essa meta. Pesquisando uma resposta para este impasse, cientistas descobriram a quantidade de redução de emissões de gases de efeito estufa necessária para uma grande economia resolver a questão – que promete ser chave para o resultado da conferência mundial do clima em Paris, a COP21.
O estudo, realizado por pesquisadores do Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK), na Alemanha, e publicado ontem pela revista Nature, concluiu que é possível limitar a mudança do clima e reduzir o aquecimento com eficácia se uma grande economia global atuar como precursora. Nossa melhor chance, apontam os cientistas, é com a liderança da União Europeia (UE) ou dos Estados Unidos. Dessa forma, outras nações seguiriam o exemplo e não precisariam concordar com critérios comuns de justiça (entenda o impasse no final do post).
“Nossa análise mostra que eles (UE e EUA) teriam que duplicar suas metas de redução de emissões para 2030, o que certamente exigiria esforços substanciais. Porém, parece que é uma das poucas opções disponíveis se quisermos limitar o aquecimento a 2ºC e evitar um aumento drástico de eventos climáticos extremos e do aumento do nível do mar”, diz um dos autores do estudo, Malte Meinshausen.
Nesse cenário, as emissões nacionais dos EUA teriam que ser reduzidas em 50% até 2030 – e não 22 a 24%, metas atuais. Já a UE deveria reduzir em 60% suas emissões até 2030, em vez dos atuais 27%, com base em 2010, para frear o aquecimento.
Impasse da redução das emissões
De forma simplificada, o mundo está dividido em duas grandes correntes para a redução de emissões, baseadas em critérios de justiça. Uma delas, apoiada pela UE e pelos EUA, aponta que as emissões per capita devem ser exatamente iguais em todos os países até 2050. A outra pede, com apoio de China e Índia, que as emissões feitas no passado pelas nações desenvolvidas sejam levadas em conta, de forma que quem emitiu menos no passado pode emitir mais no futuro. Porém, não é de se surpreender que, segundo análises de compromissos e negociações, os países aderem à opção que lhes permitem reduzir menos emissões em comparação aos concorrentes internacionais.