No passado, o Klamath era um dos rios onde se encontrava a maior concentração de salmão da costa oeste dos Estados Unidos. Sua bacia fica localizada entre o Oregon e a Califórnia. Mas entre 1918 e 1962 nada menos do que quatro barragens foram construídas ao longo dele para a produção de energia elétrica. Com seu fluxo interrompido, os peixes não conseguiam mais voltar do Oceano Pacífico para desovar em suas águas e completar sua rota de migração. Houve então uma queda exponencial na presença deles ali.
Após décadas de luta de tribos indígenas e organizações ambientais pela remoção das barragens, fortalecida por um movimento nacional que advoga pelo restabelecimento dos fluxos naturais de rios e a recuperação da população de peixes e outras espécies selvagens, há cerca de dois meses as barragens do Klamath foram destruídas.
E o resultado foi praticamente imediato! Dias após a retirada das barragens, biólogos começaram a observar salmões nadando livremente ao longo do rio e seus tributários, depois de mais de um século.
“Este é um momento emocionante e histórico na Bacia do Klamath, que demonstra a resiliência do salmão e da truta-arco-íris”, celebrou Debbie Colbert, diretora do Departamento de Pesca e Vida Selvagem do Oregon (ODFW). “Também nos inspira a continuar o trabalho de restauração na bacia superior. Quero agradecer a todos que contribuíram para esse esforço nas últimas duas décadas.”
Segundo os biólogos, pela primeira vez, desde 1912, um salmão Chinook foi observado em um dos tribuários do Klamath, percorrendo aproximadamente 300 km do Pacífico até ali
“O retorno de nossos parentes, os c’iyaal, é espetacular para a nossa tribo. É por isso que nossos membros trabalharam e acreditaram por tantas décadas”, afirmou Roberta Frost, secretária das tribos de Klamath. “Quero agradecer a eles por sua persistência diante do que parecia um obstáculo intransponível. O salmão é como nosso povo tribal, e ele sabe onde é o seu lar e retornou assim que pode”.
A construção de barragens ao longo de rios não apenas interrompeu a rota de migração de peixes, mas também contribuiu para a piora da qualidade da água e a maior incidência da proliferação de algas tóxicas e doenças, como o surto de uma bactéria, em 2002, que matou mais de 30 mil peixes, a grande maioria, salmões Chinook.
A conquista de ambientalistas e indígenas, entretanto, não foi fácil. Foram anos de protestos, ações judiciais e testemunhos de comunidades locais atestando o impacto ambiental das barragens sobre a Bacia do Klamath. A remoção das barragens levou meses e foi o maior projeto desse tipo realizado até hoje nos Estados Unidos, com custo avaliado em U$ 500 milhões. Contudo, a companhia PacifiCorp, proprietária das instalações, concordou que seria mais barato demolir as infraestruturas do que investir em adequá-las às atuais legislações ambientais.
Vídeo mostra o registro do salmão no Klamath, no Oregon:
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Foto de abertura: Mark Hereford / ODFW