Há anos cientistas acompanham o aumento da Grande Mancha de Lixo do Pacífico, a maior concentração de plástico de todo o planeta, localizada no Oceano Pacífico, entre o Havaí e a Califórnia, onde estima-se que estejam 1,8 trilhão de resíduos desse material. Todavia, pesquisadores descobriram que, apesar dessa poluição gigantesca, a vida marinha continua prosperando e pulsando ali.
Centenas de espécies de criaturas marinhas flutuantes foram registradas dentro da mancha, como águas-vivas (cnidários), caracóis e crustáceos. Imagens belíssimas desses animais foram divulgadas por pesquisadores da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, que publicaram um artigo científico sobre a incrível descoberta.
Em 2019, quando o nadador Benoît Lecomte atravessou a Grande Mancha de Lixo do Pacífico, durante uma expedição que levou 80 dias, sua equipe aproveitou para coletar amostras dessas espécies e resíduos plásticos, analisados posteriormente então pela equipe da universidade americana.
A rota da expedição foi planejada usando simulações de computador das correntes da superfície oceânica para prever áreas com altas concentrações de detritos marinhos. Os cientistas observaram que as criaturas marinhas eram mais abundantes dentro do mancha do que na sua periferia.
“A ocorrência de resíduos plásticos foi positivamente correlacionada com a abundância de três grupos de criaturas marinhas flutuantes: jangadas marinhas (Velella sp), botões-azuis-do mar (Porpita sp) e caracóis-marinhos-violetas (Janthina sp).
Os caracóis violeta Janthina constroem jangadas de bolhas flutuantes mergulhando seu corpo no ar e prendendo uma bolha de cada vez, que então envolvem em muco
(Foto: Denis Riek, The Global Ocean Surface Ecosystem Alliance (GO-SEA) Field Guide / CC-BY 4.0)
Existem cinco giros oceânicos mais conhecidos no planeta – vórtices de água onde várias correntes oceânicas se encontram – dos quais a Mancha do Pacífico Norte (NPSG) é a maior. Ela foi detectada pela primeira vez em 1977.
“A ‘mancha de lixo’ é mais do que apenas uma mancha de lixo. É um ecossistema, não por causa do plástico, mas apesar dele”, ressalta Rebecca Helm, pesquisadora da Universidade Georgetown e uma das co-autoras do estudo.
As geleias de botão azul, conhecidas por seu nome científico Porpita,
flutuam na superfície do oceano usando um disco redondo
(Foto: Denis Riek, The Global Ocean Surface Ecosystem Alliance (GO-SEA) Field Guide / CC-BY 4.0)
*Com informações e fotos divulgadas pela Georgetown University
Foto de abertura: Denis Riek, The Global Ocean Surface Ecosystem Alliance (GO-SEA) Field Guide / CC-BY 4.0)