Charlie foi encontrado sozinho, em 1997. Depois das fortes tempestades provocadas pelo fenômeno El Niño, o filhote de lontra-do-mar deve ter se perdido da mãe e de seu grupo. O pequeno órfão não teria condições de sobreviver sozinho na vida selvagem, então biólogos decidiram levá-lo para o Aquarium of the Pacific, em Long Beach, na Califórnia, que seria inaugurado no ano seguinte.
Logo ele virou uma atração no local. Devido à sua personalidade dócil e carismática e sua inteligência, se tornou um embaixador do aquário.
Mas no início do mês passado, com muita tristeza, a equipe do Aquarium of the Pacific deu adeus a Charlie e fez uma homenagem linda a ele nas redes sociais. A lontra-do-mar era o mais velho indivíduo ainda, em cativeiro, no Pacífico Sul. Por essa razão, ela tinha, inclusive, sido destaque em uma seção sobre animais idosos na edição Guinness Book of World Records: Wild Things, em 2018.
Lontras marinhas vivem entre dez e quatorze anos , mas podem chegar até 20 ou mais em um ambiente de zoológico ou aquário.
Despedida feita a Charlie no Instagram
Além de sua alegria espontânea, Charlie participou de importantes estudos científicos para ajudar na melhor compreensão de sua espécie. Foi a primeira lontra do mundo que doou sangue, sem precisar ser sedada. E entre 2011 e 2013, participou de uma série de pesquisas sobre como esses animais percebem os sons.
Durante o experimento, Charlie aprendeu a entrar em um ambiente de testes acústicos, a ouvir sinais sonoros e a responder aos pesquisadores, notificando-os se ele ouvia ou não o som, tocando seu nariz em um alvo ou permanecendo imóvel.
No próximo domingo, 28 de abril, o aquário de Long Beach realizará uma cerimônia de homenagem a Charlie. Os visitantes poderão escrever cartões para ele, que ficarão em exposição.
As lontras dessa região da Califórnia estão em risco de extinção. A caça nos séculos XVIII e XIX quase varreu toda sua população e, em 1938, apenas 50 restaram.
Graças a esforços de conservação, houve uma recuperação da espécie, e atualmente estima-se que existam 3 mil lontras marinhas vivendo livremente naquela área. Todavia, elas ainda enfrentam ameaças como a poluição dos oceanos, as mudanças climáticas e a perda de habitat.
*Com informações e texto do Aquarium of the Pacific
Foto: divulgação Aquarium of the Pacific/Robin Riggs