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AmazonFACE: projeto pioneiro, que vai analisar impacto do CO2 na floresta amazônica, inicia primeira fase de testes

Começou em 26/8/2022 a primeira fase de testes do AmazonFACE, projeto que irá simular um aumento na emissão de gás carbônico (CO2) em 50% na composição atmosférica atual para medir os impactos causados por essa mudança climática na Amazônia.

Isso será feito por meio de “torres de CO2” — e a primeira delas, construída em Campinas (90km da capital paulista), acabou de ser concluída.

A proposta é entender como o aumento de CO2 atmosférico pode afetar a resiliência da floresta amazônica e a biodiversidade que ela abriga. Trata-se tanto de avaliar a contribuição da Amazônia para o clima global (através da regulação da ciclagem de carbono e da água para a produção de chuvas), mas também de verificar se a floresta terá a capacidade de se manter no futuro.

“É o primeiro experimento desse tipo em qualquer floresta tropical do mundo”, explica David Lapola, um dos coordenadores do projeto e pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), da Unicamp.

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Nesta primeira fase, o experimento contará com 32 torres de CO2 a serem instaladas na floresta — como a que acaba de ser testada em Campinas — de 35 metros de altura, 2m x 2m de base e peso estimado em 1,6 tonelada de alumínio.

A altura é equivalente a um prédio de dez andares, suficiente para ultrapassar a copa das árvores na Amazônia. As torres serão distribuídas em dois anéis com 30 m de diâmetro, cada anel com 16 torres.

Um ano de experimento

Cada torre de CO2 injetará diariamente cerca de três toneladas de CO2 no interior das parcelas experimentais, expondo a vegetação a uma concentração atmosférica de CO2 cerca de 50% acima da concentração atmosférica atual de gás carbônico.

Como explica Carlos Alberto Quesada, pesquisador do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e também coordenador do AmazonFACE, um único voo internacional de longa distância, ida e volta, num avião de grande porte, emite o equivalente à emissão de CO2 que será emitido pelo AmazonFACE durante um ano do experimento.

Após a conclusão da produção e montagem da primeira torre de CO2,  começam os testes da tecnologia FACE (Free-Air Co2 Enrichment, na sigla em inglês). 

A expectativa é de que, até o final de 2022, as 32 torres estejam concluídas e que se dê início à instalação na reserva florestal de pesquisa do Inpa, em Manaus, no Amazonas. Com a conclusão da instalação das torres de CO2, o experimento poderá ser iniciado.

Os coordenadores do AmazonFACE explicam que o CO2 liberado para a execução da pesquisa no meio da floresta, bem como em todas as etapas de produção das torres será compensado na forma de reflorestamento.

Foto: João Marcos Rosa / AmazonFACE

O programa

O AmazonFACE é um programa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), executado sob a coordenação institucional do Inpa e da Unicamp, com cooperação internacional.

Em 2021, o programa recebeu o financiamento de 2,25 milhões de libras (cerca de R$17 milhões) do governo britânico, por meio do Met Office, o serviço Nacional de Meteorologia do Reino Unido, e o repasse será feito através de um acordo com o Inpa e a Unicamp, com possibilidade de novos aportes anuais.

O projeto conta, também, com o investimento de R$32 milhões de Ação Transversal do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). De acordo com o Secretário do MCTI, a assinatura do acordo para o financiamento da próxima etapa do projeto deve ocorrer ainda em agosto. 

Foto: João Marcos Rosa / AmazonFACE

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*Este texto foi originalmente publicado no site da Agência Bori, em 26/8/2022

Foto: João Marcos Rosa/AmazonFACE

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