Pela primeira vez em sua história, o Alaska Board of Fisheries and North Pacific Fishery Management Council, conselho que regula a pesca no Alasca e na região do Norte Pacífico dos Estados Unidos, anunciou a proibição da pesca de uma espécie de caranguejo, o snow crab (Chionoecetes opilio), o caranguejo da neve. A razão para tal é que bilhões desses crustáceos desapareceram das águas geladas da regiã do Mar de Bering nos últimos anos.
Especialistas afirmam que a queda da população desses caranguejos é alarmante. De estimados 8 bilhões em 2018, eles foram reduzidos para 1 bilhão no ano passado. E de 2021 para 2022, acredita-se que houve uma diminuição de 40% nos números de caranguejos machos.
“O caranguejo da neve é de longe a mais abundante de todas as espécies de caranguejos do Mar de Bering que são capturadas comercialmente”, afirmou Benjamin Daly, pesquisador do Alaska Department of Fish and Game, em entrevista à CNN.
A causa da preocupante redução nos números da espécie é sobretudo pela sobrepesca, mas também, pelo impacto das mudanças climáticas. Em 2020, o NOAA Fisheries, Departamento Nacional dos Oceanos dos Estados Unidos, revelou que no ano anterior um volume enorme de caranguejos da neve foi observado numa área mais ao norte do Mar de Bering, onde não eram registrados no passado. Essa mudança ocorreu durante um período, entre 2017 e 2019, de aquecimento sem precedentes e perda de gelo marinho por lá.
O caranguejo da neve gosta de águas geladas, com temperatura abaixo de 2oC. Todavia, isso muda ao longo do seu ciclo de vida. Em geral, quando se tornam adultos, esses crustáceos migram para áreas mais quentes. E historicamente, antes de 2019, justamente por isso, eles não eram vistos mais ao norte de Bering.
“As mudanças que estamos vendo são preocupantes para espécies do Ártico, como o caranguejo da neve. As temperaturas adequadas para eles podem começar a desaparecer na parte oriental do Mar de Bering. E existem duas maneiras possíveis para a sua resposta: aclimatar ou mover-se”, ressaltou Erin Fedewa, biólogo do NOAA Fisheries na época.
Naquele ano, já havia sido documentado uma redução enorme da presença de caranguejos juvenis nas águas mais frias. E ao se mover mais norte, assim como outras espécies que estão fugindo do aquecimento de nossos mares, elas podem encontrar diferentes predadores.
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Foto de abertura: NOAA Fisheries
