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Acusado de assassinato e tortura, madeireiro do Mato Grosso continua exportando para Europa e Estados Unidos

Acusado de assassinatos e tortura, madeireiro do Mato Grosso continua exportando para Europa e Estados Unidos

Em abril deste ano, homens encapuzados e armados com facas, facões, revólveres e espingardas mataram nove pessoas no distrito de Taquaruçu do Norte, zona rural de Colniza, no Mato Grosso. A tragédia ficou conhecida como o “massacre de Colniza”.

As mortes, que envolveram torturas e execuções, teriam sido encomendadas por Valdelir João de Souza, proprietário das empresas Madeireira Cedroarana e G.A. Madeiras, responsável pelo Plano de Manejo Florestal localizado ao lado do local da chacina.

O Ministério Público do Estado do Mato Grosso afirma que o massacre foi provocado “pela cobiça de madeireiros e grileiros”. Até hoje, Souza, acusado de ser o mandante do crime, continua foragido da justiça.

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Apesar disso, uma denúncia do Greenpeace Brasil, revela que as madeireiras de sua propriedade continuam funcionando normalmente. E o pior, comercializando madeira não somente com o mercado nacional, mas também, internacional.

O relatório “Madeira Manchada de Sanguediz que “de maio a agosto de 2017, a madeireira Cedroarana enviou sete remessas de madeira para os Estados Unidos. No dia em que ocorreu a chacina em Colniza, essa mesma empresa embarcou cargas de madeira para os Estados Unidos e Europa. Em 2016 e 2017, exportou milhares de metros cúbicos de madeira amazônica para países como os Estados Unidos, Alemanha, França, Holanda e Portugal”.

Desde 2007 já há conflitos e crimes relacionados à extração ilegal de madeira na região, tanto que o município de Colniza apareceu no primeiro lugar do ranking nacional da violência, elaborado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos.

Em 2014, houve mais dois assassinatos na área. E segundo a investigação do Greenpeace apurou, na época, “Valmir Rangel, uma das vítimas do massacre de Colniza, relatou à Justiça pela primeira vez que temia por sua vida e que homens encapuzados estavam aterrorizando a população local. As ameaças continuaram, com registros, em 2016, de expulsões de famílias, grilagem de terras, desmatamento, queimadas, extração e comercialização ilegal de madeira na região”.

A investigação feita pelo Greenpeace Brasil não fala apenas sobre o caso da madeireira de Valdelir João de Souza. O relatório mostra como madeira brasileira continua sendo extraída de forma ilegal e provocando uma onda de violência e mortes. Os criminosos utilizam as mais diferentes estratégias para burlar a lei e com fiscalização ineficiente, milhares de hectares de florestas continuam indo parar no chão.

“A impunidade para este tipo de crime e a falta de seriedade do Estado em combater a ação de madeireiros ilegais criam um ambiente propício para que a ilegalidade prospere”, afirma Rômulo Batista, da campanha Amazônia do Greenpeace. “Diante desse cenário, fica impossível confiar na procedência da madeira brasileira, pois a cadeia está toda contaminada”, completa.

Pará, Mato Grosso e Rondônia são responsáveis por mais de 85% da produção
de madeira serrada na Amazônia


Foto: Daniel Beltrá/Greenpeace

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