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A senhora da noite que virou savacu

A senhora da noite que virou savacu

Tem nome de gente esquisito: Um Dois Três da Silva Quatro é famoso, Janeiro Fevereiro de Março Abril é outro. Tem mais, é vero, não brinco. Dava pra fazer um rolo danado aqui mesmo, mexendo nos registros alheios.

Nome de passarinho é menos esquisito? Pois, devia.

Tapaculo, marreca-pé-na-bunda, ferro-velho, cambada-de-chaves, apara-bala, tudo o povo inventa pra passarinho. O pior é que cola!

Mas voltemos ao savacu do título deste texto. Pode ser savacú ou savácu, depende da maré e da região do Brasil. Por quê, não sei. O seu nome científico é bom: Nyctanassa violacea, que juntou o grego “nux” noite, com “anassa” rainha ou senhora, mais o latim violacea (violeta) e pronto. Seria muito bacana, pois tem tudo a ver com o bicho, mas não, virou savacu-de-coroa, sem chance.

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Pra quem não conhece, o savacu-da-coroa tem cerca de 60 cm e vive nos manguezais, pântanos e várzeas desde o litoral dos Estados Unidos ao norte do Peru e Brasil meridional até a costa norte do Rio Grande do Sul. Adora caranguejos, e come de dia ou de noite. O tal do Grego, pelo jeito, viu o bicho só de noite e nem pensou: é noturno.

Aí vem o inglês e bota yellow-crowned-night-heron, descritivo, direto: garça-noturna-coroada-de-amarelo. E não é?

Brasileiro é criativo, não tem jeito, prefere inventar nomes movediços, instigantes, sonoros. Savacú e pronto!

Foto de abertura: Renato Rizzaro

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