
Sim, o cisne-de-pescoço-preto (Cygnus melancoryphus) é real e habita o Brasil! Único cisne nativo da América do Sul, essa ave de rara beleza, com plumagem branca imaculada, pescoço e cabeça negros, e uma distintiva listra branca ligando os olhos à nuca, é um tesouro dos nossos banhados costeiros. Muitos desconhecem sua presença por aqui, mesmo sendo um símbolo de resistência dos ecossistemas úmidos do Sul.
Sua distribuição concentra-se no Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul, onde nidifica em lagoas afastadas das margens, longe de perturbações. Mas sua jornada vai além, com registros históricos de nossa querida ornitóloga Lenir Rosário em Santa Catarina, na Lagoa do Sombrio, e na foz do Rio Urussanga, no Balneário Rincão. Houve aparições esporádicas em Iguape e Cubatão, em São Paulo, e o registro mais setentrional é no Rio de Janeiro.
Essa ave lindíssima vive em ambientes temperados, raramente ocorrendo nos trópicos. São quatro espécies no Hemisfério Norte e duas no Hemisfério Sul: o cisne-negro, na Austrália, e o cisne-de-pescoço-negro, na parte sul da América do Sul. Prefere lagos rasos, estuários e áreas costeiras com água doce ou salobra, onde busca plantas aquáticas e invertebrados. Essencialmente herbívora, na água sua dieta é composta por raízes, tubérculos, caules e folhas de plantas aquáticas e submersas.
Os cisnes formam casais para toda a vida e essa união que pode durar até 25 anos. Durante a reprodução, de julho a novembro, o macho protege o ninho enquanto a fêmea incuba os ovos. Os filhotes nascem com penugem acinzentada e, para escapar de predadores, pegam carona nas costas dos pais. Em bando, batem as asas no mesmo ritmo, produzem um ruído cadenciado e atingem até 80 km/h. Um espetáculo da natureza!

Foto: Pablo Eguia
Mas afinal, porque ainda duvidam da existência do cisne-de-pescoço-negro no Brasil?
Primeiro, por conta da distribuição restrita e concentrada no extremo Sul, com pouquíssimas observações em outros estados. Segundo, porque ainda são associados a países temperados, ignorando a biodiversidade brasileira e, finalmente, por serem ariscos, o que dificulta o seu avistamento.
Uma constelação indígena
Na mitologia indígena brasileira, o cisne é citado principalmente como parte da astronomia tupi-guarani, em que aparece como uma constelação conectada a ciclos naturais e narrativas cosmológicas. Enquanto na Europa é associado a metamorfoses humanas: Zeus transformando-se em cisne para seduzir Leda; ou à morte, como no Canto do Cisne.
Essa diferença ressalta como a observação astronômica orienta a vida prática e espiritual dos povos originários, sem atribuir ao cisne narrativas de transformação ou tragédia.
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Foto de abertura: Renato Rizzaro
De novo não dêem a localização dos bichos existe tráfico de animais.no Brasil 38 milhões de animais são traficados , por favor não dêem localização