Repare: o bebê da foto tem alguns arranhões no rosto e dorme tranquilo. Nem parece que protagonizou uma situação de extremo perigo – que poderia estar em uma cena de filme de catástrofe – na região de Biglen Road, em Clarksville, no Tennessee, EUA. Ele se chama Lord, tem apenas quatro meses e, em 9 de dezembro, foi levado, dentro de seu berço, por um tornado, com ventos até 137 km/hora, que arrancou o teto do trailer em que vivia com a família: Sidney Moore (22 anos), sua mãe; Aramis Youngblood (39), seu pai; e Princeton (1), seu irmão.
Isso aconteceu em segundos, enquanto a sirene – que avisa sobre tornados – soava na cidade. Minutos antes, os quatro estavam relaxando e tranquilos dentro de sua casa. “Quando percebemos, o vento começou a aumentar e nos colocou em modo de luta e fuga, mas não deu tempo e agir”, explicou a mãe, em entrevista à CNN americana.
Assim que o teto do trailer foi arrancado, o berço de Lord começou a levantar. A primeira reação do pai foi agarrá-lo para detê-lo, mas ele também foi levado para fora do trailer, em meio a redemoinhos de vento, destroços, “uivos” cortantes e chuva intensa.
“Foi como uma cena de filme”, relatou Sidney. Ela contou que, assim que viu Aramis voando, com as roupas rasgadas, e agarrado ao berço, se jogou em cima de Princeton para protegê-lo com seu corpo.
“Algo em mim disse para eu correr e pular em cima do meu filho”, contou Sidney. “Literalmente, quando pulei sobre ele, as paredes desabaram”.
E Sidney completou: “Eu estava realmente arrasada. Não conseguia respirar”. Não sobrou nada do trailer, mas mãe e filho sofreram apenas pequenos cortes e hematomas.
Assim que o tornado se foi e os ventos cessaram, Sydney se juntou a Aramis – que estava com o ombro e o braço quebrados e muita dor -, e começaram a procurar pelo bebê, desesperadamente, em meio a montes de escombros.
Foram dez longos minutos até que eles o encontraram, chorando, mas “protegido” pela copa de uma árvore caída, a cerca de nove metros de onde o trailer estava estacionado.
O bebê estava coberto de lama e tinha arranhões no lado direito do rosto e um corte na orelha, desse mesmo lado, que depois foi fechado com cola cirúrgica pelos paramédicos.
“Ele parecia estar num pequeno berço feito de árvore”, disse a mãe, emocionada. “Tinha certeza de que ele estava morto e não iríamos encontrá-lo. Mas ele está aqui, e isso é pela graça de Deus”.
Milagre, cinzas e vaquinha online
“É um milagre que Lord esteja vivo”, disse Caitlyn Moore, irmã de Sidney, em entrevista à CNN. “Minha irmã contou que ele parecia ter sido colocado suavemente na árvore, como se um anjo o tivesse guiado, em segurança, até aquele local. E eu acredito”, descreveu ela na página de crowdfunding que lançou no site Go Fund Me para ajudar a família.
Dizendo que acredita “em milagres e anjos da guarda”, Caitlyn contou que entre os restos do trailer, “estava um caixa contendo as cinzas de minha mãe, que morreu no ano passado. Tudo ainda estava lá, perfeito: elas estavam completamente intactas, intocadas”.
E completou: “Acredito que, provavelmente, foi nossa mãe quem colocou meu sobrinho Lord naquela árvore, em segurança”.
Independente de crença, o fato é que, diante da história de Lord, qualquer pessoa diria que “parece um milagre” ou “nasceu de novo!”, mesmo sem acreditar nisso.
Os espíritas poderiam explicar o fato dizendo que “ainda não chegou a vez dele”. Mas, seja qual for sua crença, trata-se de uma história linda e emocionante, que pode ser chamada de incrível (como o fizemos), inacreditável ou extraordinária.
Época atípica para tornados?
Dezembro não é um mês propício para tornados nos EUA. Pelo menos, não era. Eles costumam castigar o Hemisfério Norte entre maio e junho, no fim da primavera, quando o solo está mais quente que o habitual.
No entanto, há dois anos, o Tennessee foi atingido por uma série de tornados nesta mesma época, provocando a morte de 81 pessoas, só na cidade de Kentucky.
E, diante das mudanças climáticas – que nos assombram cada vez com maior frequência -, não adianta mais dizer que qualquer fenômeno natural tem época certa para acontecer.
Este ano, no Tennessee, seis pessoas morreram devido ao impacto de dois tornados, entre elas um bebê e sua mãe, e dezenas ficaram feridas.
A maioria das casas ficaram destruídas, com destroços espalhados por gramados e ruas. Carros foram tombados em rodovia e edifícios muito danificados.
Os tornados atingiram boa parte das cidades do estado, em especial Clarksville – onde se deu a história milagrosa do bebê Lord -, no condado de Montgomery, e Hendersonville, no norte do estado.
O tornado que atingiu Clarksville (onde vivem Lord e a família), com ventos de até 137 km/hora, viajou quase 43 milhas (cerca de 69,2018 km) até o condado de Logan (no estado vizinho de Kentucky), deixando grande rastro de destruição: aniquilou casas, arrancou telhados e janelas, capotou carros e caminhões e interditou estradas com árvores arrancadas e derrubadas e destroços de toda origem.
Partes de Hendersonville e do subúrbio de Madison, em Nashville (também no Tennessee), foram atingidos por tornado ainda mais forte, com ventos de até 190 km/hora, de acordo com o Serviço Meteorológico Nacional.
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Fontes: CNN, G1, BBC News, New York Pot
Foto: Caitlyn Moore/divulgação