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A aventura das sementes e de sua germinação

Sempre que tenho oportunidade, lembro às pessoas que a árvore inteira está dentro das sementes, seja essa semente bem grande como a da manga ou do abacate, seja muito pequena, do tamanho de um grão de areia, como a semente da quaresmeira ou da embaúba.

As sementes são incríveis! Resguardam toda informação sobre a futura árvore e, por isso, precisam encontrar as condições perfeitas para poder se tornar, no futuro, uma árvore adulta.

E vivem inúmeros desafios desde o momento em que são formadas. Permanecem conectadas ao fruto ao longo do período de sua formação, recebendo nutrientes da planta mãe, que irão permitir seu desenvolvimento pleno e sua fertilidade.

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As sementes mais férteis e capazes de produzir as melhores árvores normalmente são as que conseguem receber mais nutrientes durante sua formação junto ao fruto, ficando maiores e mais bem formadas. Quando o fruto amadurece as sementes param de receber esse estímulo e começa, assim, a aventura da dispersão.

Cada tipo de semente e de fruto criam, em conjunto, uma maneira mais eficiente para promover a dispersão, que varia de acordo com o local onde a espécie evoluiu durante milhares de anos. A dispersão mais adequada é aquela que leva a semente para locais mais distantes da planta mãe, criando, assim, uma distribuição maior da espécie no território.

Dependendo do formato, peso e forma como a semente está incorporada ao fruto, podemos perceber diferentes estratégias de dispersão. Algumas sementes são pequenas, leves e finas, com estrutura que lembra uma “asa”; essas são conhecidas como aladas porque facilitam os grandes voos provocados pelo vento. São as sementes dos ipês e jacarandás, por exemplo, às quais as alas já aparecem incorporadas. Ou, então, como no caso do guapuruvu, pau-formiga e do amendoim-bravo, em que as estruturas aladas fazem parte do fruto.

Outras maneiras de dispersão incríveis acontecem quando as estruturas de fruto arremessam as sementes mecanicamente para longe da árvore mãe como, por exemplo, as vagens retorcidas de algumas espécies como a sibipiruna ou a pata-de-vaca, que encontramos nas calçadas das grandes cidades. Elas ficam retorcidas pois, no momento em que o fruto ficou completamente maduro, explode a vagem e esse movimento retorcido expele, para distâncias muito grandes, as sementes que a vagem guardava.

E, finalmente, a forma mais conhecida de todas: a dispersão por animais, na qual um animal – atraído pelo sabor, cor e nutrientes do fruto -, ao saboreá-lo, carrega junto as sementes que serão regurgitadas ou depositadas em novos territórios através de suas fezes.

Muito curiosos todos esses processos, não? Eu sempre me encanto quando posso observar o momento exato da dispersão.

Nunca me esqueço de uma vez, em uma cidade grande, quando vi uma árvore com a copa completamente sem folhas, somente com seus frutos alados presos nas pontas dos galhos. Era hora do rush, as avenidas estavam tomadas pelo congestionamento de carros, eu estava a pé. De repente, bateu uma rajada forte de vento na avenida e os galhos das árvores balançaram muito forte. Com o vento, muitas sementes desprenderam-se, ao mesmo tempo. Elas começaram a voar de uma maneira linda e mágica, girando e tomando caminhos diferentes, conduzidas pela corrente de ar. Foi uma das cenas de dispersão mais bonitas que presenciei. Mas ainda teve outra vez, em que pude ouvir os estalos das vagens maduras abrindo, espalhando suas sementes em um parque.

Com tantas sementes em nossos caminhos, no dia-a-dia, por que então não germiná-las?

Essa é uma atividade muito especial que você pode fazer com toda a família, mas, principalmente, com as crianças. Agora, no período das férias, façam passeios a pé pelos bairros de sua cidade, em praças e parques. E, para transformá-los em aventura de descobertas, levem saquinhos de papel ou sacolas para ir coletando as sementes de diferentes árvores que encontram no caminho. Reparem bem no chão e, até mesmo, nas árvores mais jovens com copa mais baixa para descobrir as sementes que estão prontas para encontrar uma terra fofa, úmida e que tenha luz suficiente, com um solzinho gostoso, para crescer.

Com as sementes em mãos, encontre o local onde quer germiná-las. Pode ser em diversas embalagens recicláveis como caixas de suco e leite, garrafas pet, potes diversos, bandejas ou caixas. Preencha essas embalagens com uma terra fina, bastante solta (se desejar peneirar a terra, melhor ainda). Se for necessário deixá-la mais aerada, misture um pouco de areia com a terra. Faça furos no fundo da embalagem para a água escorrer, pois se ficar encharcado as sementes poderão apodrecer.

As sementes germinam com mais facilidade quando acabam de ser dispersadas. Existem sementes que não precisam de nenhum tipo de tratamento para germinar e outras que, por causa de sua casca bastante dura, que protege o embrião, levam mais tempo para germinar e talvez precisem de uma ajudinha. Raspe ou lixe a casca, ou deixe-a na água de um dia para o outro; assim, a água é absorvida com mais facilidade e estimula o embrião.

Há, ainda, sementes que preferem mais sol ou menos sol, dependendo da espécie da árvore. É importante observar, pesquisar e ter vontade de fazer testes para aprender. Uma dica preciosa é não colocar as sementes muito no fundo da terra. Geralmente, deixá-la mais próximo da superfície da terra é a melhor estratégia, pois ela perceberá a direção do calor do sol e desenvolverá sua raiz para o lado oposto deste calor.

Para poder acompanhar melhor seu desenvolvimento, você também pode fazer plaquinhas com o nome das sementes e a data em que as colocou para germinação. Para tanto, use palitos de sorvete ou pedacinhos de embalagens.

Se quiser se aprofundar no tema, existe um livro muito bom, do Instituto Refloresta, que explica como podemos ajudar algumas sementes a despertarem para a germinação: Sementes Florestais – Guia para germinação de 100 espécies nativas

Mas, para qualquer dúvida sobre germinação ou caso deseje compartilhar suas experiências com as sementes, comente aqui, neste post, ou entre em contato com o Instituto Árvores Vivas, que eu coordeno, por meio de nosso site ou da página no Facebook. Terei alegria em orientar e saber mais detalhes da sua aventura ao germinar uma árvore.

Na foto – de minha autoria – que ilustra este texto, estão árvores nativas da Mata Atlântica e do Cerrado recém germinadas na sementeira do viveiro experimental do Instituto Árvores Vivas.

 

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GEDEÃO
GEDEÃO
2 anos atrás

Usei o seu texto para montar um motivacional!!!!EXcelente

Mônica Nunes
2 anos atrás
Responder para  GEDEÃO

Olá Gedeão!Tudo bem?
Ficamos muito felizes por seu interesse em nosso trabalho.
Pode copiar o texto e divulgar desde que indique o nome de nosso site, com link, e o nome da autora, que é especialista em árvores (no final do texto tem uma minibiografia com informacoes sobre ela).
Obrigada
Abs

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