O recorde anterior era de um pássaro da mesma espécie. Afinal, o fuselo (Limosa lapponica) é uma ave conhecida justamente pelos voos de longa distância sem paradas. E agora, o jovem indivíduo de número 234684 conquistou o topo do ranking: percorreu a distância impressionante de 13.560 km, entre o Alasca e a Tasmânia, ao sul da Austrália, em onze dias e uma hora, sem parar nenhuma vez para descansar ou se alimentar.
O fuselo em questão, o 234684, recebeu de pesquisadores no Alasca um minúsculo rastreador, colocado em suas costas, com esse número. E no último dia 13 de outubro, com cinco meses de vida, saiu em direção à Oceania. O trajeto todo foi acompanhado por sinal de satélite, pelo projeto de monitoramento do Max Planck Institute for Ornithology e do Pūkorokoro Miranda Shorebird Centre.
Em sua rota, o pássaro, que provavelmente estava no meio de um bando, voou pelo oeste do Havaí, continuou em mar aberto e depois sobrevoou Kiribati, uma pequena ilha no Oceano Pacífico. Em seguida, foi rastreado sobre Vanuatu e continuou para o sul, até chegar na costa leste de Sidney. Após onze dias de sua partida, o fuselo pousou na Baía de Ansons, na Tasmânia.
“O mais incrível é que os juvenis migram separadamente dos adultos”, explica Sean Dooley, especialista da organização Birdlife Australia. “Os adultos decolam do Ártico às vezes até seis semanas antes”.
Pelos dois anos anteriores, o recorde tinha sido batido pelo fuselo 4BBRWk, com um trajeto sem escalas de 13 mil km.
O fuselo na beira d’água
(Foto: JJ Harrison, CC BY-SA 4.0 via Wikimedia Commons)
E afinal, quem é o fuselo? Eu, pelo menos, nunca tinha ouvido falar nesse pássaro antes. A espécie, que durante seus voos pode atingir uma velocidade média de mais de 50 km por hora, é originária de áreas muito geladas do Hemisfério Norte.
Seu nome científico já dá uma dica sobre quem ele é: Limosa lapponica – limus, do latim, significa, lama, lamacento e lapponica é a referência à Lapônia, ao norte da Escandinávia.
Medindo cerca de 40 centímetros de comprimento e com uma envergadura das asas que chega a 80 centímetros, é observados em mangues e areia à beira-mar. Com seu bico comprido e recurvo se alimenta de larvas de insetos, moluscos, pequenos peixes e até girinos.
Na época de reprodução, o fuselo coloca seus ovos no solo, em regiões das zonas árticas da Europa, Ásia e Alasca Ocidental. Quando chega a época do inverno nesses lugares, migra para terras mais quentes.
Durante a viagem de migração, quando percorre mais de 50 mil km, chega a perder metade de seu peso corporal.
*Com informações do jornal The Guardian, Birdlife Australia e WikiAves
Foto de abertura: Tom Benson/Creative Commons/Flickr