
Antes raramente avistados, o guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul) e o macaco-prego-galego (Sapajus flavius) – na foto acima – agora voltam a ser observados nas florestas da Paraíba. Ambas as espécies, consideradas ameaçadas de extinção, retornaram graças a um grande projeto de restauração ambiental em áreas degradadas de Mata Atlântica.
Desde 2020, quase 500 hectares de vegetação nativa foram recuperados no corredor ecológico Pacatuba-Gargaú, entre duas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), em Santa Rita, e dessa forma, corredores florestais foram reconectados, permitindo assim, o resgate da biodiversidade local.
A meta do projeto, uma iniciativa coordenada pelo Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), em parceria com diversas organizações e empresas locais e internacionais, é reconectar 1.800 hectares para “criar uma malha contínua de floresta, essencial para o fluxo de espécies e a resiliência dos ecossistemas locais.”
A região onde esses primatas estão sendo registrados novamente faz parte do chamado Centro de Endemismo Pernambuco, uma das áreas mais ameaçadas da Mata Atlântica e reconhecida como hotspot global de biodiversidade.
Entre as ações de restauração sendo empregadas pelo projeto estão a combinação de muvuca de sementes, plantio de mudas e condução da regeneração natural.

áreas que até então estavam fragmentadas
Fotos: arquivo Cepan

O guariba-de-mãos-ruivas, também conhecido como bugio-de-mãos-ruivas, é endêmico do Brasil, ou seja, só existe aqui e em nenhum outro lugar do mundo. De acordo com dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), esse bugio pode ser observado em partes da Amazônia (Pará, Maranhão e potencialmente ao norte do Mato Grosso) e ainda, em áreas da Floresta Atlântica nordestina (Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernamabuco e Alagoas).
Todavia, nas últimas três gerações da espécie, houve uma redução populacional de pelo menos 30% em razão da perda e fragmentação de habitat (desmatamento), caça, expansão urbana e construção de usinas hidrelétricas – exatamente o que aconteceu no caso de Belo Monte.
Estima-se que sejam menos de 250 indivíduos adultos na Mata Atlântica, entretanto, na Amazônia, o número é superior a 10 mil.

Foto: João Carlos da Cruz Abraão Filho
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Foto de abertura: João Carlos da Cruz Abraão Filho