Cientistas acreditam que esse é um novo recorde mundial. Pelo menos que se tenha conhecimento e documentação. Graças à chamada ciência cidadã e à plataforma Happywhale, pesquisadores relataram a extraordinária jornada de uma baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae), que percorreu impressionantes 13 mil km de distância entre a América do Sul e a África.
Assim como as rosetas das onças-pintadas, as jubartes também podem ser identificadas por um padrão de manchas de coloração preta e branca na parte debaixo da cauda, que é único para cada indivíduo, e funciona como uma espécie de impressão digital.
Lançada há cerca de 15 anos, a plataforma Happywhale é uma espécie de banco de dados de fotos tiradas de baleias no mundo inteiro, que atualmente conta com mais de 900 mil registros, de aproximadamente 100 indivíduos. Uma vez que a imagem é baixada ali, um software compara automaticamente os padrões da cauda do animal e ele é identificado. Assim consegue-se saber onde ele foi avistado ao longo dos anos.
A jubarte que nadou 13 mil km, é um macho, que já havia sido observado anteriormente em 2013 e 2017, na costa da Colômbia, durante o verão do Hemisfério Sul. Todavia, para a surpresa de biólogos, quase uma década depois, em 2022, ele foi fotografado em uma área de reprodução perto de Zanzibar, um arquipélago da costa leste da África, que faz parte da Tanzânia.
As baleias- jubarte realizam uma das mais longas migrações conhecidas de qualquer mamífero. Contudo, em geral, elas ficam na mesma bacia oceânica, e a população colombiana normalmente só migra entre suas áreas de reprodução na América do Sul e de alimentação na Antártica.
“As jubartes têm um comportamento complexo, mas encontrar uma baleia macho adulta do outro lado do mundo é inesperado”, disse Ted Cheeseman, ecologista marinho e criador da Happywhale, em entrevista à revista Science. “Às vezes pesquisadores encontram uma baleia que mudou de um grupo para outro nas proximidades. Mas para chegar à Tanzânia, ela teria passado por dois grupos no Oceano Atlântico.”
A dúvida entre especialistas é se o macho se perdeu em sua trajetória de migração ou se fenômenos, como as mudanças climáticas, podem estar afetando o comportamento desses animais.
Até há pouco tempo, o recorde de percurso mais longo realizado por uma jubarte pertencia a Frodo, que viajou 11 mil km, entre Saipan, nas Ilhas Marianas, e Sayulita, no México
Jubarte, uma gigante dos oceanos
As baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae) podem ser encontradas em todos os oceanos. Chegam a pesar até 40 toneladas. Se alimentam basicamente de pequenos crustáceos chamados de krills, filtrando água através das barbatanas (placas de queratina que descem do céu da boca). Como é um animal do topo da cadeia alimentar, é um excelente indicador da qualidade e do equilíbrio das águas do planeta.
Esses cetáceos gigantes conseguem dar saltos em que seus corpos saem quase que por completo para fora da água. Suas imensas nadadeiras peitorais podem medir até 1/3 de seu comprimento, algo em torno de 16 metros.
O artigo, em inglês, que relata a travessia de 13 mil km da jubarte, publicado na Royal Society Open Science pode ser lido neste link.
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Foto de abertura: Natalia Botero-Acosta