Foram 20 dias em que mãe e filhote ganharam a atenção de milhões de pessoas de todo o Brasil. Afinal, foi a primeira vez que houve o registro do nascimento de um elefante-marinho-do-sul no litoral do país. O primeiro avistamento da fêmea com sua cria recém-nascida foi feito na praia do Siriú, em Garopaba, em 11/10, como contamos nesta outra reportagem.
Durante as últimas semanas muitos curiosos foram até o local para ver a família de perto, o que obrigou vários órgãos públicos e organizações da sociedade civil a isolarem a área onde os dois se encontravam. Neste período, a mãe amamentou o filhote, que acabou sendo batizado carinhosamente de Siriú, e ela, passou a ser chamada de Garopaba.
Como os biólogos já tinham explicado antes, o filhote de elefante-marinho nasce com média de 45 kg, mas engorda rapidamente com a amamentação, em função do leite rico em gordura, ganhando aproximadamente 5 kg por dia! E em geral, ele é amamentado por cerca de 20 dias, período durante o qual a fêmea não se alimenta. Isso faz com que ela perca bastante peso.
Após essas três semanas aproximadas, a mãe desmama abruptamente o filhote e segue para mar. E foi isso exatamente o que aconteceu na madrugada dessa quinta-feira, 31/10. A diretora de pesquisa do Instituto Australis, Karina Groch, esteve na praia do Siriú por volta das 5 horas da manhã de hoje, junto com outros pesquisadores, e observou que nem a mãe e nem o filhote estavam mais no local.
Nos últimos dias, Siriú já tinha sido observado se aventurado pelo mar, ao lado da mãe. “O comportamento do filhote está próximo ao natural, apesar de ele não ter nascido em uma colônia reprodutiva, onde normalmente os animais, após as mães partirem, ficam nas praias ganhando força, musculatura, aprendendo a nadar. Neste caso, como o filhote está sozinho, o fato dele ter acompanhado a mãe nestas incursões ao mar nos últimos dias, já foi um aprendizado”, destacou Leandro Ciotti, analista do Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
De acordo com as equipes que acompanhavam a família de elefantes-marinho, o filhote nadou até outra praia de Garopaba, onde ele continuará a ser monitorado à distância, para que suas condições de saúde sejam avaliadas e haja uma sensibilização da comunidade local sobre a sua presença.
Estima-se que Siriú já estava pesando entre 100 e 130 kg. Já a mãe, que perde uma média de 10 kg por dia, provavelmente ficando quase 250 mais magra. Por isso a necessidade de voltar ao mar e se alimentar.
Nascimento de elefante-marinho no Brasil é algo inédito
A presença e, ainda mais o nascimento, de mãe e filhote na costa brasileira são muitos raros. A espécie se distribui pelas águas geladas próximo da Antártica, e também pode ser observada na Argentina, onde existem algumas colônias.
O elefante-marinho-do-sul (Mirounga leonina) é um mamífero pertencente à família Phocidae e o maior dentre todos os pinípedes. O macho pode chegar a medir até 5 metros de comprimento e pesar quatro toneladas.
Seu nome popular vem do fato que os machos possuem uma proeminência nas narinas, uma probóscide, que lembra a tromba dos elefantes. Quando não estão na época de reprodução, apresentam hábitos solitários e passar a maior parte do tempo embaixo da água, nadando em mar aberto.
Abaixo o vídeo compartilhado pela equipe do Projeto Cetáceos em suas redes sociais e feito pela monitora voluntária e guia Elis.
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Foto de abertura: Daniel De Granville
Que privilégio ler essa matéria do elefante-marinho, parabéns à todos que participaram para o bem estar deles.