
Amara nasceu em 2022. A filhote de rinoceronte branco do sul, uma subespécie originária de países da África subsaariana, sempre apresentou um comportamento normal, até que no começo do ano, começou a mancar com a perna esquerda, o que causou preocupação na equipe de veterinários do Knowsley Safari, no Reino Unido.
Com a ajuda de especialistas em equinos da Universidade de Liverpool e exames radiológicos, descobriu-se que Amara tinha uma rara fratura no cúbito, um osso próximo de uma articulação da perna. Não existia nenhum registro na ciência de um caso parecido, muito menos de um procedimento realizado para corrigir o problema.
Foi decidido então que a rinoceronte deveria passar por uma operação, algo bastante delicado para um animal desse porte. Participaram da cirurgia que durou cinco horas dez profissionais, incluindo anestesiologistas e médicos veterinários. “A cirurgia de Amara é diferente de tudo que já vivenciamos antes. Sabíamos que poderíamos posicionar uma câmera dentro da articulação dela, mas devido à natureza sem precedentes do procedimento, não sabíamos quanto espaço teríamos para operar, ou quanto da área afetada seríamos capazes de ver”, contou David Stack, profissional da equipe de Cirurgia Equina da Universidade de Liverpool.

Foto: divulgação Knowsley Safari
Felizmente o procedimento foi bem-sucedido! Após a operação, de volta ao seu recinto do lado da mãe, a jovem rinoceronte precisou usar um gesso na perna durante 27 semanas. Depois de finalmente ter a proteção removida, ela pode retornar ao convívio de seu grupo.
Amara recebeu ainda uma injeção na articulação com plasma rico em plaquetas, feito de seu próprio sangue, dando ao seu corpo um impulso extra no processo de recuperação. Ela continua sendo monitorada constantemente, mas a expectativa é que ela se recupere totalmente.
“Cuidar de Amara foi uma jornada veterinária verdadeiramente inovadora, incorporando muitas novidades que agora documentaremos caso outra equipe de animais encontre cenários semelhantes no futuro, embora desejamos muito que não seja necessário”, diz Stack.

Foto: divulgação Knowsley Safari
O Knowsley Safari faz parte de uma rede de zoológicos internacionais que realizam projetos de conservação, com o intuito de proteger espécies ameaçadas e promover a reprodução em cativeiro, e se preciso, a reintrodução das mesmas na vida selvagem.
Rinoceronte, vítima da caça
Há cinco espécies de rinocerontes no planeta, três na Ásia (de java, de sumatra, indiano) e duas na África subsaariana (negro e branco). Alguns deles ainda apresentam subespécies, dependendo da região onde são encontrados e algumas pequenas características que os diferenciam.
É o caso dos rinocerontes brancos, que se dividem em do norte e do sul. Estes últimos ainda existem em grande número, cerca de 18 mil indivíduos livres na natureza. Todavia, todas as cinco espécies estão em risco de extinção. Algumas mais do que outras.
Por anos e anos, milhares de rinocerontes foram mortos cruelmente na África. Caçadores tiram a vida desses animais para arrancar suas presas e vender o marfim ao mercado asiático, que abastece a crença de que ele possui “poderes medicinais”. O quilo do chifre é vendido por até 50 mil dólares.
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Foto de abertura: divulgação Knowsley Safari