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Com linguagem didática e acessível, ‘Emergência Climática’ está entre os semifinalistas do Prêmio Jabuti

Com linguagem didática e acessível, 'Emergência Climática' está entre os semifinalistas do Prêmio Jabuti

O Brasil está em alerta climático. Cerca de 2,7 mil cidades do centro-oeste, sudeste e estados como Rondônia, Piauí (sul), Maranhão, Tocantins, Pará, Amazonas, Bahia (sudoeste) e Paraná (norte) sofrem com ondas intensas de calor e temperaturas acima de 4oºC, como foi registrado no Rio de Janeiro (que já chegou à sensação térmica de 60º) e Seropédica (RJ), Cuiabá, Corumbá e Água Clara (MS), São Romão e Coronel Pacheco (MG) e Ibotirama (BA).

Os rios do Amazonas – em especial Negro e Solimões – continuam baixos, dando pequenos sinais de recuperação e mantendo as 62 cidades do estado em situação de emergência, enquanto o Pantanal queima: já foram destruídos 1 milhão de hectares de vegetação, com impactos terríveis nas comunidades e na fauna.

Por outro lado, o sul do país enfrenta ventos fortes, tempestades e chuvas de granizo – com visitas esporádicas do sol –, que podem deixar mais de 800 cidades de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul sob alerta de perigo

Foi nesse cenário – e às vésperas da Conferência de Clima da ONU (COP 28) – que a Câmara Brasileira do Livro anunciou a lista de semifinalistas das 21 categorias da 65ª edição do Prêmio Jabuti, realizado desde 1958. E, na lista de Ciência, está o livro Emergência Climática – O aquecimento global, o ativismo jovem e a luta por um mundo melhor, do jornalista e ativista do clima Matthew Shirts. “Foi uma baita surpresa e felicidade˜, diz.

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Didático e pop

Matthew foi colunista do jornal O Estado de São Paulo e da revista Veja São Paulo e da BandNews FM, além de diretor da revista National Geographic Brasil e coordenador editorial do projeto Planeta Sustentável (no qual eu dirigi o site), ambos na Editora Abril.

É autor de cinco livros, entre eles O Jeitinho Americano (2010) e se dedica a produzir textos e documentários voltados para sustentabilidade e clima para o World Observatory of Human Affairs e a plataforma Fervura no Clima, que ajudou a criar.

Conta que foi “apresentado” às mudanças climáticas quando estava à frente da National Geographic Brasil e lhe chegou às mãos uma reportagem “extensa e fascinante” dos Estados Unidos. Desde então, se aprofundou no tema e fala dele com muita propriedade, inteligência, perspicácia, curiosidade e bom humor.

Sim, Matthew é um cara bem humorado e animado – sua risada é sua “marca registrada“. Mesmo tratando de assunto tão sério, procura encontrar caminhos que encantem seus ouvintes ou leitores, sem apontar culpa, nem fazer pressão.

Com linguagem didática e acessível, 'Emergência Climática' está entre os semifinalistas do Prêmio Jabuti
Matthew Shirts durante os autógrafos no lançamento do livro
Foto: Marlon Marinho/Greenpeace Brasil

Emergência Climática foi lançado em setembro de 2022 pelo selo Claro Enigma da Companhia das Letras, em parceria com o Greenpeace Brasil (o prefácio é de sua diretora executiva, Carolina Pasquali), e aborda as principais questões climáticas e suas consequências de um jeito muito fácil de entender: descomplicado, didático e pop ao mesmo tempo. O projeto gráfico também revela essa preocupação. O tamanho do livro (dimensões e quantidade de páginas) é perfeito. 

Matthew foca nos jovens – imprescindíveis na luta pelo clima – e destaca alguns dos mais aguerridos no Brasil e no mundo, como a brasileira Amanda Costa, que assina a orelha do livro, e a sueca Greta Thunberg, que se tornou símbolo dessa luta no planeta.

Mas claro que sua obra não se restringe a esse público: é a leitura ideal para leigos de qualquer idade ou lugar, que querem entender o que acontece de fato com o clima, de que forma podem contribuir e se, realmente, ainda dá tempo de sairmos desta enrascada: evitar que a temperatura do planeta aumente 2ºC. 

“… quero crer que [este livro] pode engajar qualquer pessoa interessada em conhecer os fundamentos científicos, soluções e questões políticas que vão definir, nos próximos anos, as batalhas, dramas e possíveisdesfechos deste que é o maior desafio da humanidade”, diz Matthew.

Estamos próximos do limite, do ponto de não-retorno, mas – sim! -, segundo o autor – , ainda temos tempo de frear o aquecimento global e tentar reverter o estrago. Como? Começando por melhores escolhas individuais e seguir se aprimorando, diariamente.

Ouvir o que os cientistas dizem, disseminar esse conhecimento, pesquisar veículos de comunicação que abordam o tema em sites e/ou redes sociais (como o Conexão Planeta, por exemplo), cobrar responsabilidade e ação de empresas e governos e participar de movimentos ativistas (Greenpeace Brasil, Fridays for Future, Engajamundo e 350.org, entre eles) também são boas estratégias.

Neste último quesito, Matthew conta: “Quanto mais tempo passo no ativismo, mais importante me parece, do ponto de vista individual, fazer parte de comunidades pelo clima. Comunidades geram empolgação, solidariedade, companha e foco. Ajudam a enfrentar o medo e a ansiedade climática [ou eco-ansiedade], contribuindo para o bem-estar de quem se preocupa com a emergência climática”. 

De leitura fácil e urgente, Emergência Climática concorre ao Prêmio Jabuti na categoria Ciência, com obras sobre negacionismo, covid-19, inclusão, ansiedade e pediatria. 

Diante do cenário catastrófico em que vivemos, devido à crise do clima que impacta, principalmente, os mais pobres, mas afetará a todos, não seria nada mau que o livro de Matthew ficasse entre os cinco finalistas anunciados em 21 de novembro, participasse da cerimônia em 5 de dezembro e, finalmente, recebesse o troféu e o prêmio de R$ 5 mil, além de conquistar maior visibilidade. Estamos na torcida!

O prêmio, este ano

“Chegar aos dez melhores em cada categoria não foi tarefa fácil diante da grande qualidade das obras inscritas. O júri enfrentou o desafio com competência e nos entrega uma lista admirável. É uma alegria poder compartilhar estes primeiros nomes. Em 5 de dezembro, vamos conhecer os vencedores em uma cerimônia já consagrada e sempre muito aguardada”, afirma Hubert Alquéres, curador do Prêmio Jabuti.

Foto: divulgação/CBL

Não deve ter sido nada fácil fazer esta seleção, não só pela qualidade das obras, mas também pela quantidade de inscrições: 4.245! Ainda este mês, em 21/11, às 12h, o site da premiação divulgará os cinco finalistas de cada categoria. 

E, em 5 de dezembro, às 20h, no Theatro Municipal de São Paulo, em cerimônia para convidados, que será transmitida pelo canal da CBL no YouTube, serão conhecidos os vencedores: 21 obras, distribuídas em quatro eixos (literatura, não-ficção, produção editorial e inovação) e o prêmio especial para o Livro do Ano que, além de R$ 70 mil, ganhará uma viagem para a próxima Feira do Livro de Frankfurt, em outubro.

Outras obras 

Começando pelos concorrentes de Emergência Climática, destacamos aqui alguns livros relacionados aos temas da sustentabilidade, tão caros a nós do Conexão Planeta, classificados por categoria:

CIÊNCIA
– Covid-19: desafios para a organização e repercussões nos sistemas e serviços de saúde, de Lenice Gnocchi da Costa Reis, Margareth Crisóstomo Portela, Sheyla Maria Lemos Lima, pela Fiocruz
– Imperfeitos: um relato íntimo de como a inclusão e a diversidade podem transformar vidas e impactar o mercado de trabalho, de Julie Goldchmit, pela Maquinaria Sankto Editora
– Uma história das florestas brasileiras, de Zé Pedro de Oliveira Costa, pela Autêntica Editora

BIOGRAFIA E REPORTAGEM
– Arrabalde: em busca da Amazônia, de João Moreira Salles, pela Companhia das Letras
– Escravidão: da independência do Brasil à Lei Áurea, de Laurentino Gomes, pela Globo Livros (versão de seus primeiros quatro livros para jovens)

ECONOMIA CRIATIVA
– Receitas do Favela Orgânica: aproveitamento integral de alimentos, de Regina Tchelly, por Senac Rio

CAPA
– Joseca Yanomami: Nossa terra-floresta, capista Nina Nunes, para Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp)

ILUSTRAÇÃO
– O povo Kambeba e a gota d’água, ilustradora Cris Eich, para Edebe Brasil

PROJETO GRÁFICO 
– Eco-Lógicas Latinas, produtores Lorenzo Lo Schiavo, Cleo Döbberthin (Estúdio Palma) para Act.

Prêmio Jabuti Acadêmico

Para 2024, a Câmara Brasileira do Livro anuncia o lançamento de uma nova premiação, voltada para obras científicas, técnicas e profissionais: o Prêmio Jabuti Acadêmico.

“Fruto do compromisso constante da CBL em valorizar e incentivar a diversidade da produção editorial brasileira, esse reconhecimento importante busca não só homenagear os autores que se dedicam a esses segmentos, mas também incentivar a excelência da produção acadêmica no Brasil”, destaca a instituição em seu site.

Para Sevani Matos, presidente da CBL, o novo prêmio “é um marco importante para reconhecer e evidenciar a produção editorial meticulosa e indispensável da área técnica, científica e profissional. A criação desse prêmio reforça a relevância desse segmento, incentivando ainda mais a sua produção e contribuição para a sociedade”.

O responsável pela curadoria do novo prêmio, Prof. Dr. Marcelo Knobel, destaca: “Estou muito honrado por ter sido convidado para ser o curador da primeira edição do Prêmio Jabuti Acadêmico, que buscará reconhecer a incrível produção editorial de um setor dedicado à formação de recursos humanos fundamentais para o país”.

Já Hubert Alquéres, curador do Prêmio Jabuti, acrescenta que a versão acadêmica é uma extensão natural e necessária da rica literatura brasileira em todas as suas formas:

“Muito se fala na valorização da ciência no Brasil. A nova premiação é uma contribuição da CBL para que isso aconteça, que irá refletir a riqueza da produção acadêmica científica no país. Estamos ansiosos para celebrar talentos e obras imprescindíveis”.

Foto (destaque): Victor Bravo/Greenpeace Brasil

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