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Pela primeira vez, evidências científicas apontam que elefantes e golfinhos podem ter “nomes individuais”

Pela primeira vez, evidências científicas apontam que elefantes e golfinhos podem ter "nomes individuais"

Elefantes e golfinhos são seres extremamente sociáveis. Um na terra, outro no mar, mas ambos animais vivem em grandes grupos, se auxiliando o tempo todo. Agora dois novos estudos revelam uma intrigante descoberta sobre a comunicação deles. Evidências científicas apontam que indivíduos podem ter “nomes” próprios pelos quais são chamados ou reconhecidos.

No caso dos golfinhos, a pesquisa foi feita por cientistas brasileiros, em Fernando de Noronha. Eles analisaram os sons emitidos por esses cetáceos, chamados de assobios assinaturas, e que permitiriam que eles se identifiquem embaixo da água.

“O assobio característico de um golfinho é um sinal acústico distinto, emitido em um padrão de contornos de modulação de frequência únicos e permite que os indivíduos pertencentes a um determinado grupo se reconheçam e, consequentemente, mantenham contato e coesão. O presente estudo é a primeira evidência científica de que os golfinhos-rotadores (Stenella longirostris) produzem esses assobios”, relatam os pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e da organização não governamental Ocean Sound, num artigo científico publicado há poucos dias na revista Animal Cognition, pertencente ao grupo Nature.

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Para fazer essa análise, os pesquisadores gravaram as vocalizações de golfinhos-rotadores em uma baía rasa, a Biboca, em Fernando de Noronha. Foram analisados os assobios de cerca de 1.900 indivíduos.

“O som emitido é produzido unicamente por um indivíduo e ele jamais se repete. Isso é importante, porque embaixo da água, à noite, em grupos de rotadores que têm centenas de animais, os golfinhos têm as preferências. Eles se encontram com quem preferem e fazem isso através do assobio assinatura”, explicou Raul Ribeiro, professor e pesquisador da UFJF e principal autor do artigo, em entrevista ao portal G1.

Novos estudos e investigações devem ser realizados com os golfinhos de Noronha, “ampliando a identificação dos indivíduos (identificação com foto e catálogo de assobios), avaliando a estabilidade de assobios e taxas de emissão em longo prazo, e tornando comparações mãe-filho com diferenças baseadas no sexo”, afirma o artigo.

Elefantes se reconhecem por sons

Do outro lado do Atlântico, nas savanas da África, pesquisadores também identificaram que elefantes selvagens no Quênia usam sons específicos para se comunicarem.

Já se sabia que os elefantes estavam entre os poucos mamíferos capazes de aprender a produzir
novos sons,
mas não se sabia exatamente como eles usavam essa habilidade na natureza.

“Para testar a hipótese de que elefantes rotulam vocalmente membros da mesma espécie, gravamos chamados de indivíduos identificados individualmente. Análises preliminares sugerem que a propriedade acústica de uma vocalização está significativamente associada ao destinatário pretendido, independentemente da identidade de quem chama, o que apoia a hipótese de que os elefantes podem rotular vocalmente outros membros do grupo”, diz Michael Pardo, pesquisador da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos.

Os cientistas explicam ainda que muitos dos sons produzidos pelos elefantes, os bramidos, são em baixa frequência e inaudíveis para os humanos, entretanto, entre esses animais, essas mensagens podem chegar a até 6 km de distância.

Em suas pesquisas no Quênia, a equipe de Pardo gravou mais de 600 vocalizações de elefantes. Com a ajuda de computadores, eles conseguiram identificar para qual indivíduo exatamente o bramido estava sendo enviado.

Quando mais tarde esses mesmos bramidos foram reproduzidos para 17 elefantes selvagens, os indivíduos moveram-se mais rapidamente em direção ao som do seu próprio “nome” e vocalizaram mais rapidamente em resposta também.

Leia também:
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Fotos de abertura: pixabay/creative commons (elefantes) e Giles Douglas/wikimedia commons (golfinhos)

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