De 9 a 31 de agosto, em suas 20 unidades na capital e Grande São Paulo e 15 no interior e litoral do estado, o SESC São Paulo celebra o Agosto Indígena, estabelecido no estado em 2021 com a Lei 17.311, de autoria da deputada estadual Mônica, da Mandata Ativista, que contou com a participação da pedagoga e codeputada Chirley Pankará, decisiva para a proposição da lei.
Lançado no Dia Internacional dos Povos Indígenas (9/8), o projeto intitulado Brasil Terra Indígena oferece 150 atividades gratuitas e livres para todas as idades, que convidam a um exercício coletivo de valorização da diversidade a partir da cultura dos povos originários no Brasil.
A pluralidade de ações permitirá ao público uma imersão nos saberes e fazeres de diversos povos originários a partir do acesso a oficinas de artesania, interações lúdicas por meio de danças, jogos e brincadeiras ensinados por educadores, exibição de filmes, feira literária, vivências coletivas, contação de histórias e cursos.
A identidade visual do projeto foi criada pelo artista Denilson Baniwa e o Coletivo SP Terra Indígena.
Espetáculos, debates e a astronomia indígena
No primeiro dia, 9 de agosto, foram realizadas cerimônias especiais no Sesc Consolação, como o Sarau UruKum, encontro multiétnico e independente que se desdobra em intervenções artísticas que abordam questões relevantes aos povos indígenas na contemporaneidade; e o espetáculo Avaxi Nhenhoty (no Teatro Anchieta, na mesma unidade), inspirado no plantio de milho pelos Guarani.
Dirigido por Cibele Forjaz, o encontro reuniu os Guarani do Jaraguá – representados pelo Coro Guarani Kyre’y Kuery, David Vera Popygua Ju e Xeramõi José de Quadros e Davi Vera Popygua – e as multiartistas indígenas Glicéria Tupinambá, Uýra Sodoma e Zahy Tentehar.
Vale lembrar que Cibele e os Guarani já trabalharam juntos na produção da releitura da ópera O Guarani, concebida pelo pensador Ailton Krenak e exibida no Teatro Municipal.
Nas tardes de 5 a 19 de agosto, no Sesc Santo André, vão acontecer oficinas de artesanato, dança, jogos e brincadeiras ensinados por educadores como Karai Valcenir Tibes, Eliane da Silva e Rony Tibes, da Terra Indígena Tenondé Porã (SP).
De 22 a 24/8, o Sesc Avenida Paulista apresenta três encontros com Geni Núñez, ativista guarani, escritora e psicóloga que, por meio de sua pesquisa acadêmica, tem oferecido importantes reflexões sobre as perspectivas indígenas acerca de temas como etnogenocídio, raça, luta anticolonial e antirracista.
No primeiro dia, Nuñez abordará o tema Artesanias Relacionais: Uma discussão sobre ciúmes e combinados. No segundo, com a colaboração de Jaci Jaxuka Martins, indígena Guarani Mbya e liderança da terra indígena do Jaraguá (SP), ela ministrará o curso Perspectivas Indígenas Antirracistas: Contribuições para a Luta Anticolonial. E, no terceiro, debaterá com os psicanalistas Kwame Yonatan e Laura Lanari, na roda de conversa Aquilombamento nas Margens: Geni Núñez.
Nos dias 19 e 26/8, no Planetário do Carmo, no Sesc Itaquera, o escritor e ativista Antony Jaray Poty abordará a compreensão de fundamentos da astronomia indígena e a relação empírica dos povos originários com o céu.
Poesia: reflexão, escrita e sonho
No Sesc São Caetano, todos os dias até 29/8, os visitantes serão convidados a conhecer os trabalhos poéticos de mulheres de Pindorama e de Abya Yala – territórios respectivamente conhecidos como Brasil e América – como Eliane Potiguara, Márcia Kambeba (foto) e Márcia Mura.
Em encontros que abordarão raça, etnia, branquitude, pertencimento indígena e outros entrelaçamentos que permeiam os povos originários, elas proporão exercícios de reflexão, escrita e sonhos de novos mundos.
Vivências, cinema e música
Entre as vivências programadas para o Agosto Indígena do Sesc São Paulo, estão visitas a três aldeias indígenas:
– Aldeia Renascer Ywyty Guaçu, em Ubatuba, no litoral norte do estado;
– Aldeia Kuaray Oua, na Terra Indígena Tenondé Porã, na zona sul da capital, onde será realizado um mutirão de plantio baseado na roça Guarani; e
– Reserva Indígena Multiétnica Filhos Desta Terra, em Guarulhos, onde os participantes farão um passeio pela trilha ecológica da terra indígena e, por meio de atividades de canto, danças e brincadeiras, poderão compreender melhor a relação deste povo com a natureza.
No CineSesc (localizado na Rua Augusta, na capital paulista), além da estreia do filme Bibiru: Kaikuxi Panema – que contará com a presença dos diretores Latso Apalai e André Lopes, a programacão Miradas Femininas, com a seleção de seis filmes com curadoria de Júnia Torres -, apresentará produções de diretoras que registram e atualizam rituais, além de dialogar com expressões poéticas no cinema.
Na abertura, em 17/8, as cineastas Graciela Guarani, Marta Tipuici Manoki, Kerexu Martim e Jera Guarani participam de conversa mediada por Júnia Torres. Na sequência, serão exibidos os filmes Aguyjevete Avaxi’i (Brasil, SP/Guarani Mbya, 2023, 20 min); e Ajali Numa: O jogo de cabeça dos Manoki e Myky (Brasil, MT/Manoki, 2023, 73 min).
Em 25/8, no Sesc Sorocaba, Djuena Tikuna – uma das maiores referências na música indígena no país – apresentará seu mais recente trabalho, Torü Wiyaegü, fruto do constante aprendizado da artista sobre a cultura do seu povo (que vive no Alto Solimões, na fronteira com Peru e Colômbia, no coração da floresta amazônica), em especial a música. Uma forma de homenagear e registrar os seus saberes preciosos, que dão significado especial à obra da artista.
Acesse a programação completa do Agosto Indígena do Sesc São Paulo em seu site.