“A mais incrível descoberta da vida selvagem de 2022. Os primeiros filhotes de iguana rosa foram encontrados e fotografados em Galápagos. A Galápagos Conservancy e o Parque Nacional de Galápagos National Park estão desesperados para salvar a espécie da extinção iminente”. Foi assim que essas duas instituições comemoraram as boas novas que chegam do arquipélago, na costa do Equador, em suas redes sociais.
A iguana rosa (Conolophus marthae) está criticiamente ameaçada de extinção, categoria anterior à extinção total na natureza. A espécie foi descrita apenas em 2009 e estima-se que existam somente entre 200 e 300 indivíduos adultos.
Nos últimos dez meses, uma equipe de pesquisadores realizou diversas expedições à remota região do vulcão Wolf, na Ilha Isabela, em busca da iguana rosa. São dois dias de caminhada até a área a espécie foi identificada há poucos mais de dez anos.
Até então, não havia registros de filhotes e os especialistas temiam que, só com adultos já mais velhos, a esperança era mínima de que a iguana rosa conseguisse sobreviver à extinção.
Pois bem, agora há motivo de celebração. Recentemente os pesquisadores descobriram e documentaram locais de nidificação e os primeiros filhotes e juvenis das iguanas rosas.
Além disso, dezenas de câmeras ocultas ao redor do vulcão também já flagraram extensas evidências de atividades de nidificação dessas iguanas.
A presença de filhotes e juvenis traz esperança para o aumento da população da iguana rosa
(Joshua Vela / GNPD)
Todavia, um motivo de preocupação é a presença de gatos selvagens na ilha, que predam esses répteis.
“A descoberta do primeiro ninho e das jovens iguanas rosas nos deu a primeira esperança de salvar esta espécie enigmática da extinção”, afirmou Paul Salaman, presidente da Galápagos Conservancy.
O filhote da espécie: apenas quando cresce é que ele ganha a cor rosada
(Foto: Joshua Vela / GNPD)
Considerado Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera pela Unesco, Galápagos é um arquipélago com treze ilhas, espalhadas em quase 8 mil km2. Esse paraíso é um dos mais intocados habitats de vida selvagem do planeta, referência de estudo para muitos pesquisadores e local que teve extrema importância para a elaboração da Teoria da Evolução de Darwin.
A evolução das iguanas
Acredita-se que as iguanas de Galápagos tenham um antepassado comum, que boiou entre as ilhas, vindo do continente sulamericano, em “canoas” de vegetação. A separação (em espécies diferentes) entre iguanas marinhas e terrestres deu-se por volta de 10,5 milhões de anos atrás.
São encontradas três espécies de iguanas terrestres em Galápagos. A amarelada Conolophus subcristatus, mais conhecida, encontrada em sete ilhas, a Conolophus pallidus, observada apenas em Santa Fé e uma terceira, com tons de rosa, a Conolophus marthae, vista pela primeira vez em 1986 e só estudada depois do ano 2000.
Esses tipos de répteis são bastante grandes, podem alcançar quase 1 metro de comprimetro, com os machos pesando até 13 kg.
Iguanas terrestres gostam de terrenos secos, e durante as manhãs, podem ser vistas “lagarteando” no sol. Para escapar do calor extremo, entretanto, procuram a sombra em cactus, pedras, árvores e outras vegetações.
Ao atingir a maturidade sexual entre os 8 e 15 anos, as fêmeas conseguem colocar até 20 ovos. Três ou quatro meses depois, as primeiras eclosões ocorrem.
Quando conseguem sobreviver ao primeiro ano de vida, o mais difícil de todos, as iguanas podem chegar até os 50 anos.
*Texto alterado em 23/12/22 para corrigir o tamanho aproximado das iguanas
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Foto de abertura: Joshua Vela / GNPD