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Apicultor conta sobre a morte da rainha Elizabeth II às abelhas do Palácio de Buckingham

Apicultor conta sobre a morte da Rainha Elizabeth II às abelhas das colmeias do Palácio de Buckingham

De todos os rituais que compõem as celebrações pela morte da Rainha Elizabeth II – em 8 de setembro, na Escócia, aos 96 anos – este foi o que mais chamou minha a atenção e me tocou. A prática pode parecer estranha, inusitada, mas revela que, para além do respeito à tradição, a família real reconhece a natureza e que os animais são sencientes.

Em cerimônia especial, na sexta-feira, 9 de setembro, John Chapple (foto acima), de 79 anos, apicultor real há 15 anos, comunicou a morte da rainha às abelhas criadas por ele nos jardins do Palácio de Buckingham

Trata-se de uma tradição mantida há séculos na monarquia, que reconhece as abelhas como membros da família real e que, por isso, devem ser avisadas sobre nascimentos e mortes e, principalmente eventos relacionados à/ao monarca. 

No caso da morte, o aviso possibilita que elas vivenciem o luto, do contrário, ao perceberem a ausência de Elizabeth, neste caso, podem abandonar a colmeia ou parar de produzir mel ou, ainda, morrer. 

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Segundo Mark Norman, folclorista americano, “contar às abelhas” é um costume praticado na Grã-Bretanha e em outros países da Europa como Alemanha, França, Holanda e Irlanda – e nos Estados Unidos – por pessoas do campo. “É uma tradição muito antiga e bem estabelecida, mas não muito conhecida”.

Para quem tem interesse em se aprofundar no assunto, Norman escreveu o livro Telling the Bees and Other Customs: The Folklore of Rural Crafts (Contando às abelhas e outros costumes: o folclore do artesanato rural, em tradução livre).

São 20 mil abelhas, mas poderia ser um milhão!

Assim, cumprindo o ritual estabelecido, depois de amarrar uma faixa preta em torno de cada uma das cinco colmeias que compõem o apiário real, Chapple fez uma oração, tocando levemente em cada caixa, e disse: 

“A senhora está morta, mas não vá!”, e acrescentou que o Rei Carlos III é seu “novo mestre”, que ele “será um bom mestre” e que cada uma delas deve “tratá-lo bem”.

Apicultor conta sobre a morte da Rainha Elizabeth II às abelhas das colmeias do Palácio de Buckingham
Chapple envolveu as colmeias com faixas pretas para sinalizar o luto pela morte da rainha e dar sequência ao ritual / Foto: John Chapple

O mesmo ‘roteiro’ foi reproduzido por Chapple na Clarence House (outra residência ligada ao Palácio), onde existem duas colmeias. Ao todo, 20 mil abelhas da espécie europeia escura (“mestiças de Londres”) receberam a mensagem. Isto porque não é verão; se fosse, o apicultor certamente teria que falar com mais de um milhão delas.

Ao jornal britânico Mail Online, ele justificou a prática de uma maneira muito simples: “A pessoa que morreu é o mestre ou a senhora das colmeias existentes no lugar. Se alguém importante na família morre, você tem que saber, não?”.

30 anos de amor por esses insetos

Antes de ser contratado pela família real, em 2007, John Chapple já tinha 15 anos de experiência com apicultura. Portanto, há 30 anos ele se dedica a cuidar de abelhas e à produção de mel. 

Quem despertou a paixão pelas abelhas foi sua esposa, Kath, que aparece com ele na foto abaixo, nos jardins do Palácio de Buckingham.

Apicultor conta sobre a morte da Rainha Elizabeth II às abelhas das colmeias do Palácio de Buckingham
Kath e o apicultor rela posam nos jardins do palácio / Foto: John Chapple

“Tudo começou com o amor da minha esposa pelo mel. Passei a desenvolver o mel ao manter abelhas na minha casa e isso me levou a viajar pelo mundo. Conheci pessoas maravilhosas e vi belas paisagens que só os apicultores podem ver”, conta.

E foi entre uma viagem e outra que ele recebeu um e-mail do jardineiro real para conversar sobre abelhas, pois a família queria ter colmeias em seus jardins. “Pensei que eles tivessem problemas com suas abelhas, mas na verdade, queriam criar esses insetos no Palácio”.

Foi assim que Chapple começou a trabalhar para a rainha, cuidando das abelhas reais, e, agora, acredita que continuará seu trabalho, servindo ao Rei Charles III.

“Foi um privilégio maravilhoso trabalhar para a Rainha Elizabeth e espero que, agora, aconteça o mesmo com o rei. Espero que eles ainda queiram manter as colmeias em seus jardins”. 

A julgar pelo interesse de Charles por abelhas na residência de campo da família – Sandringham House -, imagino que Chapple poderá passar o resto de sua vida cuidando dos apiários reais.  

Mel para a família e para a caridade

Elizabeth II era entusiasta das abelhas e incentivava a manutenção de colmeias nos jardins de várias propriedades. Claro que boa parte da produção do mel – que não parece pequena… – é consumida pela família e utilizada em receitas produzidas por seus chefs de cozinha.

Apicultor conta sobre a morte da Rainha Elizabeth II às abelhas das colmeias do Palácio de Buckingham
A renda obtida com a venda do mel produzido no apiário do Palácio de Buckingham é revertida para instituições de caridade / Foto: Royal Family

O excedente é vendido como Mel dos Jardins do Palácio de Buckingham, e tem renda revertida para instituições de caridade.

Abaixo, posts de 2020, publicados pelo perfil da Família Real no Twitter, que contam sobre o trabalho de Chapple e sobre o local onde fica um dos apiários.

Leia também:
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Fontes: NY Times, Daily Mail, Express, Mail Online

Foto (destaque): Divulgação/Royal Family

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