Aos 58 anos de idade, a jornalista canadense Lisa LaFlamme tem uma longa e bem-sucedida carreira. Nas últimas décadas, fez reportagens em zonas de guerra, regiões impactadas por desastres naturais e acompanhou de perto todas as notícias mais importantes de seu país. Recentemente recebeu o prêmio de “Melhor Apresentadora” do Canadian Screen Awards.
E assim como outras milhares de mulheres no mundo, durante a pandemia Lisa decidiu parar de pintar o cabelo e deixar que eles se tornassem naturalmente grisalhos. Na época ela comentou que a decisão tinha gerado um sentimento de “liberdade” e se questionou porque não tinha feito antes.
Coincidentemente ou não, no último dia 15 de agosto, em uma postagem em seu perfil no Twitter, que até este momento já teve mais de 4,5 milhões de visualizações, Lisa revelou que após 35 anos foi demitida da CTV National News, uma das principais redes de televisão do Canadá.
A jornalista afirmou que foi pega completamente de surpresa e apenas informada de seu desligamento. Desde 2011 ela era a apresentadora de um dos noticiários noturnos da emissora.
“Ainda estou chocada e triste. Aos 58 anos, ainda achava que teria muito mais tempo para contar mais histórias que impactam nosso dia a dia”, disse ela.
Segundo reportagens de alguns veículos nos últimos dias, um dos altos executivos da CTV National News, Michael Melling, teria perguntando internamente quem teria autorizado Lisa a deixar seu cabelo branco.
Em comunicado oficial, o grupo Bell Media, proprietário da CTV, afirmou que a demissão da jornalista não tem relação alguma com a cor de seu cabelo. Que foi tomada após uma decisão da área de marketing e uma mudança no comportamento dos telespectadores da emissora. Apesar disso, a companhia informou que abrirá uma investigação independente para se certificar de que não houve discriminação e analisar como o processo de desligamento foi realizado.
A explicação não convenceu os canadenses e dezenas de colegas de profissão de Lisa, assim como políticos, ativistas e artistas, entre eles, Sarah McLachlan, Anne Murray e Jann Arden, assinaram uma carta aberta em que repudiam a demissão da jornalista.
“A ‘decisão de negócios’ da Bell Media de demitir a âncora do CTV National News Lisa LaFlamme, no auge de sua carreira… atingiu o coração não apenas de quem somos como canadenses, mas também de quem aspiramos ser…
Ao tomar sua ‘decisão de negócios’, a Bell Media confirmou uma triste verdade: mesmo depois de todo o progresso que as mulheres fizeram, elas continuam a enfrentar o sexismo e o preconceito no trabalho todos os dias de uma maneira inaceitável…“
Empresas multinacionais, com sede no Canadá, também protestaram contra o caso. A marca Dove publicou um anúncio com a hashtag #KeepTheGrey (#MantenhaOGrisalho) e rapidamente lançou uma campanha chamando a atenção sobre o assunto.
A revista Sports Illustrated, que há pouquíssimo tempo colocou na sua capa a ex-modelo Maye Musk, de 74 anos, também se solidarizou com Lisa.
Quem se pronunciou ainda sobre a polêmica foi a rede de lanches rápidos Wendy’s, que pintou o cabelo vermelho de sua famosa garota propaganda de cinza e escreveu numa legenda: “Porque uma estrela é sempre uma estrela independente da cor de seu cabelo”.
*Com informações dos sites NDTV, Daily Hive e The Guardian
Foto: divulgação Bell Media
