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O mundo se despede de James Lovelock, autor da “Teoria de Gaia”, que faleceu no dia de seu aniversário, aos 103 anos

James Lovelock

“Nosso amado James Lovelock morreu ontem em casa, cercado por sua família, em seu 103º aniversário. Para o mundo ele era mais conhecido como um pioneiro científico, profeta climático e idealizador da Teoria de Gaia. Para nós, ele era um marido amoroso e um pai maravilhoso, com um senso de curiosidade sem limites, um humor travesso e um apaixonado pela natureza“.

Foi dessa maneira que a família do cientista e ambientalista inglês anunciou o seu falecimento, na terça-feira, 26/07, em Dorset.

James Ephraim Lovelock nasceu em 1919. Formado em Química pela Universidade de Manchester, mais tarde fez um Ph.D. em Medicina pela Escola de Medicina Tropical e Higiene de Londres. Aos 35 anos, recebeu a uma bolsa Rockefeller Travelling Fellowship e com isso foi estudar na Escola de Medicina de Universidade de Harvard, em Boston, nos Estados Unidos, e quatro anos depois também esteve em Yale, duas das mais renomadas instituições de ensino americanas.

Mas foi em 1979 que ele se tornou conhecido mundialmente ao propor a sua “Teoria de Gaia”. De acordo com ela, o planeta seria um imenso organismo vivo, totalmente capaz de se autorregular ambientalmente, ou seja, obteria energia para seu funcionamento e regularia seu clima e temperatura, por exemplo. De acordo com também chamada Teoria de Gaia, os organismos bióticos (seres vivos) controlam os organismos abióticos, de forma que a Terra se mantém em equilíbrio e em condições adequadas para sustentar a vida.

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“Toda a gama de matéria viva na Terra, de baleias a vírus e de carvalhos a algas, pode ser considerada como constituindo uma única entidade viva capaz de manter a atmosfera da Terra para atender às suas necessidades gerais e dotada de faculdades e poderes muito além daqueles de seus constituintes. partes”, escreveu ele na época.

A elaboração da teoria, batizada como homenagem à deusa Gaia, divindade que representava a Terra na mitologia grega, contou com a colaboração da bióloga norte-americana Lynn Margulis. A tese foi recebida com ressalvas por alguns colegas do mundo acadêmico, mas abraçada com muita força por ambientalistas.

Autor de mais de 200 artigos científicos nas áreas de Medicina, Biologia, Ciências Atmosféricas e Geofisiologia, foi detentor de mais de 40 patentes, principalmente para detectores para uso em análises químicas.

Uma delas, inclusive, é a base de um importante dispositivo usado até hoje para detectar a presença de átomos e moléculas em gases, que já foi empregado para diversos fins, desde a detecção de pesticidas até os clorofluorocarbonetos (CFC) na atmosfera. Esses últimos foram substâncias muito usadas na fabricação de aerossóis e aparelhos de refrigeração. Todavia, descobriu-se que o gás estava provocando o aumento do buraco de ozônio na Terra e sua utilização foi banida no mundo inteiro.

Lovelock e as mudanças climáticas

Pelo seu profundo conhecimento sobre o meio ambiente e pela paixão à natureza, Lovelock era um árduo defensor do combate às mudanças climáticas. Ao longo das últimas décadas, muito antes do assunto ganhar as manchetes da mídia, ele já escrevia e usava sua voz ativamente para fazer um alerta sobre as consequências catastróficas relacionadas ao aumento desenfreado das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera da Terra, provenientes das atividades humanas.

Há dois anos, o cientista afirmou que só restava 1% da vida da biosfera.

“Temos que parar de pensar apenas nas necessidades e direitos humanos. Sejamos corajosos e vejamos que a verdadeira ameaça vem da terra viva, que prejudicamos e agora está em guerra conosco”, disse ele em 2005.

Cinco anos mais tarde, Lovelock mostrava uma preocupação ainda maior com a crise climática.

“Acho que ainda não evoluímos ao ponto de sermos inteligentes o suficiente para lidar com uma situação complexa como a mudança climática… Se houvesse um bilhão de pessoas vivendo no planeta, poderíamos fazer o que quisermos. Mas há quase sete bilhões. Nessa escala, a vida como a conhecemos hoje não é sustentável”.

Segundo relatos de familiares, mesmo ao 102 anos, Lovelock ainda estava ativo, dando caminhadas próximo à sua casa em Dorset. Mas após uma queda no começo do ano, sua saúde começou a deteriorar.

Hora de descanso para esse ser que tanto fez pelo planeta Terra.

Foto: reprodução jamelovelock.org

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Fernando
Fernando
2 anos atrás

Massa..gratidão..ao coroa Loverloock… E a materia

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