Motivado por sua ligação com o mar, ainda adolescente Luciano Candisani aprendeu sozinho a fotografar o mar e debaixo d’água. Seu desejo era criar narrativas visuais que pudessem transmitir o que via e sentia ao usufruir das beleza do mundo que se esconde sob as ondas e “brota” das águas. Isso sem saber que a paixão se transformaria em sua profissão.
Ele é um dos maiores fotógrafos de natureza do mundo e já trabalhou em todos os oceanos e em alguns dos lugares mais remotos da Terra, mas diz que seu porto é a Ilha de São Sebastião, no município de Ilhabela, litoral norte de São Paulo.
Hoje, suas crônicas visuais premiadas aparecem em exposições, galerias de arte e museus ao redor do mundo e circulam em revistas internacionais como a National Geographic, da qual é colaborador desde 2000.
Tesouros submarinos e costeiros
As fotos que ilustram este texto são de autoria de Candisani e dão bem a dimensão da beleza da costa e da riqueza biodiversa e submarina presentes na região. Elas foram selecionadas por mim no livro Atlântico Paulista – Carta de Navegação pela Biodiversidade, lançado pelo Instituto Coral Vivo em junho, em meio às celebrações pelo Dia Mundial do Oceano.
A obra reúne 83 registros do artista e convida o leitor a viajar com ele a bordo do veleiro Hiva Oa e a mergulhar em sua companhia para conhecer tesouros submarinos e costeiros.
Com tiragem impressa limitada, ele está disponível em versão online para download gratuito e foi idealizado por Tito M. C. Lotufo, coordenador regional do Coral Vivo em São Paulo e professor da USP, um dos maiores especialistas do Brasil em biologia marinha.
Patrimônio natural
“A imagem de São Paulo é normalmente associada ao processo acelerado de urbanização, à produção industrial e agrícola ou ao frenético mundo financeiro. Muitos não conhecem a maior e mais frágil riqueza do estado, aquela que garante a subsistência humana nesse lugar: seu patrimônio natural”, salienta o pesquisador.
“Para fazer jus à beleza cênica das paisagens marinhas e litorâneas e à singularidade e diversidade da vida marinha, o fotógrafo Luciano Candisani escolheu ser um ilhéu, um documentarista-caiçara, por isso vive em Ilhabela e é, também, ele mesmo, parte da teia de vida do bioma Mata Atlântica. Seu quintal é o mar paulista”, destaca.
“Cada imagem selecionada para o livro é um retrato produzido pelo olhar de biólogo, documentarista, mergulhador, navegador e artista para sensibilizar as pessoas para a biodiversidade que precisa ser conservada”.
E finaliza: “Este livro é um passeio embarcado na poesia do olhar de Candisani, que parte da terra e mergulha na paisagem submarina, trazendo ao fim o leitor em segurança, inspirado e ansioso por um encontro mais íntimo com o Atlântico Paulista”.
Para Flávia Guebert, coordenadora geral do Projeto Coral Vivo, o livro Atlântico Paulista é mais do que uma grande obra de arte.
“Despertar o amor, a empatia e o respeito pelo meio que nos acolhe e generosamente provê de recursos naturais e serviços ecossistêmicos é o primeiro passo para garantir a sua conservação. Por isso, convidamos um dos maiores fotógrafos da natureza em atividade no mundo para criar este singelo e potente livro”.
E acrescenta: “Só mesmo Luciano Candisani poderia produzir, em parceria conosco e com o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IOUSP), um mapa de navegação pela biodiversidade do Atlântico Paulista com os olhos de quem conhece profundamente a natureza desse lugar geográfico e também se sabe parte dela”.
As fotografias de Candisani apresentam culturas tradicionais e ecossistemas ao redor do mundo e revelam reconhecida identidade estética. Equilibram-se entre arte e documento, fiéis à sua motivação criativa: registrar os grandes espaços naturais remanescentes, ao mesmo tempo que alertar para a urgência de salvaguardar territórios e culturas em risco.
Fotos: Luciano Candisani
Lindas fotos e mais lindo ainda, o nosso planeta